O professor do curso de comunicação social da PUC-PR Marcos José Zablonsky fala que no caso de pessoas públicas, o número de artistas em campanha, por exemplo, pode ter diminuído por causa do potencial das redes sociais. A Regina Duarte teve problemas de imagem por causa da propaganda do ‘medo’ e o Chico Buarque entrou na campanha nos últimos dias, ou seja, quantos não deixaram de se posicionar por causa da exposição?, indaga.

O psicólogo e psicoterapeura Dionísio Banaszewski afirma que o comportamento é passional, ou seja, motivado por paixão e alheia a argumentos. Como não existe, ou poucas vezes existe, argumento consistente na cabeça das pessoas, por ser passional ou muitas vezes apológica com aquela cor que a pessoa está defendendo, então faltam argumentos. E uma discussão sem argumentos, a pessoa parte para o grito, analisa.

O psicólogo garante que a agressividade em si não causa transtornos psicológicos ao indivíduo agressivo. Pelo contrário, liberar a agressividade e expressar a raiva, é saudável. O problema é quando o outro capta pra si. Quando o outro não compreende que essa raiva é do agressor ele pode sentir-se ofendido. O fato de estancar a raiva é que leva à agressividade e essa agressividade leva à violência, avalia.

O cientista político Emerson Cervi, professor da UFPR, descreve o usuário agressivo das redes sociais. Segundo ele, embora a internet esteja quase totalmente difundida, há ainda um recorte socioeconômico que marca os usuários mais intensivos e que usam a internet para o debate público. São pessoas com alta escolaridade e com renda acima de 5 salários mínimos. Quer dizer, o problema cresce, pois quem deveria demonstrar maior tolerância (inverso de ignorância) para o debate é justamente quem mais radicaliza, analisa.

O cientista político afirma a agressividade no debate não é causada pela internet, apenas ampliada. Ela (a internet) é apenas um instrumento que permite a maior visibilidade de uma coisa que já está presente na nossa sociedade desde o seu surgimento. A intolerância e a irresponsabilidade de setores com maior nível de instrução da sociedade com a opinião diversa, critica.

Os eleitores do candidato Aécio Neves são 23% mais ativos na internet, segundo um levantamento do instituto Conversion/IG que analisou o nível de engajamento do eleitor brasileiro nas redes sociais neste segundo turno. O levantamento observou as citações aos candidato por 24 horas entre o dias 14 e 15 de outubro. Considerando apenas os perfis oficiais, Aécio tem 2,7 milhões de seguidores e Dilma cerca 1,5 milhão. O levantamento publicado no portal IG não cita o comportamento dos usuários. Mas, segundo a Safernet Brasil, entidade sem fins lucrativos que recebe denúncias de crimes na internet, o número de denúncias sobre crimes de ódio aumentou 84% com o início do período eleitoral. Os crimes mais comuns são racismo, homofobia, xenofobia, neonazismo e intolerância religiosa.

Campanha — No início do período eleitoral, o Ministério da Justiça publicou um texto no Facebook para mostrar a diferença entre liberdade de expressão e discurso de ódio. A postagem teve mais de 110 mil compartilhamentos e um milhão de comentários somente na página original. O texto destaca o limite do discurso. Liberdade de expressão é o direito de manifestar livremente opiniões e ideias. Entretanto, o exercício dessa liberdade não deve afrontar o direito alheio, como a honra e a dignidade de uma pessoa ou determinado grupo. O discurso do ódio é uma manifestação preconceituosa contra minorias étnicas, sociais, religiosas e culturais, que gera conflitos com outros valores assegurados pela Constituição, como a dignidade da pessoa humana. O nosso limite é respeitar o direito do outro.