SÃO PAULO, SP – O alto comissário de Direitos Humanos da ONU, Zeid Raad al-Hussein, pediu nesta segunda-feira (20) a liberação do líder opositor da Venezuela Leopoldo López e de outras 69 pessoas presas em protestos contra o presidente Nicolás Maduro. Dirigente do partido Vontade Popular, uma das principais forças contrárias a Maduro, López foi preso em março, acusado de incitação à violência, nas manifestações que deixaram 43 mortos entre fevereiro e maio. Hussein expressou grande preocupação o prolongamento das detenções. “A prisão prolongada e arbitrária de opositores políticos e manifestantes causa cada vez mais preocupação internacional.

Essa situação só aumenta a tensão no país.” A reação do Alto Comissariado de Direitos Humanos baseou-se em um relatório feito com informações sobre a violência nas manifestações feito com o apoio de ativistas locais e observadores das Nações Unidas. Segundo o relatório, mais de 3.300 pessoas foram presas por períodos curtos entre fevereiro e junho. Também houve 150 relatos de tortura e uso excessivo da força policial, além de ataques e intimidação a jornalistas e ativistas sociais. No mês passado, um grupo de trabalho do órgão da ONU já havia se manifestado pela liberação de López, do prefeito da cidade de San Cristóbal, Daniel Ceballos, e de outros presos políticos, assim como o devido processo judicial a eles.

O governo ainda não se pronunciou sobre as declarações. Em entrevista ao jornal “El Universal” antes do pedido do alto comissário, o presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, afirmou que López não terá “medida de graça”. “Há um processo judicial e de lá sairá uma decisão. Se o tribunal decide que ele será condenado, será condenado. Se decide que deve ficar livre, respeitaremos a decisão”, disse, negando que a prisão tenha sido arbitrária. “Ele se entregou porque sabia que sua vida estava em perigo. Por que ele se entregou, por que ele acreditaria em nós? Porque ele e sua família tinham a informação [ameaça de morte]”.