O debate sobre o acordo ortográfico promovido pela Comissão de Educação (CE) foi retomado nesta quarta-feira, 22, sob a presidência da senadora Ana Amélia (PP-RS).

Desta vez, serão ouvidos Pasquale Cipro Neto, professor e consultor de Língua Portuguesa; Stella Maris Bortoni de Figueiredo Ricardo, professora e membro da Associação Brasileira de Linguística; Evanildo Cavalcante Bechara, professor e Membro da Academia Brasileira de Letras; e Carlos André Pereira Nunes, professor de Língua Portuguesa e Redação Jurídica.

A CE formou um grupo de Trabalho Técnico (GTT) para debater dificuldades na implantação do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, que deveria entrar definitivamente em vigor em janeiro de 2013. Graças à sua interferência, a implantação definitiva foi adiada para janeiro de 2016 por decreto da presidente Dilma Rousseff.

Na última reunião ocorrida na comissão, Evanildo Bechara, membro da Academia Brasileira de Letras, defendeu a adoção das regras previstas no acordo para a uniformização gramatical entre os países que têm a língua portuguesa como idioma oficial — Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Timor Leste, Brasil e Portugal.

Ele nega que o acordo tenha sido rejeitado por Portugal e diz ser compreensível que países que tenham, ao lado do português, línguas locais, como Angola e Moçambique, tenham mais dificuldade em implantar a unificação gramatical.

Já Ernani Pimentel, presidente do Centro de Estudos Linguísticos da Língua Portuguesa, defendeu a simplificação gramatical com a adoção de critério fonético, ou seja, a escrita das palavras se daria pela forma como se fala.

Para Pimentel, esse sistema tornaria mais simples o processo de alfabetização e atenderia à rapidez da comunicação pela internet, que submete as pessoas a inúmeras palavras novas a cada dia.

Ao discordar do argumento, Bechara afirmou que o francês e o inglês são idiomas com gramáticas mais complexas e mesmo assim o ensino dessas línguas é eficiente, devido a boas escolas e professores competentes.