FELIPE BÄCHTOLD
PORTO ALEGRE, RS – Na tentativa de desgastar o rival José Ivo Sartori (PMDB), o governador Tarso Genro (PT) tornou mais agressivo seu discurso sobre a dívida do Rio Grande do Sul.
Tarso, que busca a reeleição, acusa Sartori de ter “patrocinado” um “acordo humilhante” com a União nos anos 1990, que “liquidou” o Estado. A dívida é o tema principal da campanha local.
“É um legado muito negativo, feito na época do governo do PMDB”, disse o petista em debate na semana passada.
Naquele período, o candidato do PMDB era líder do partido na Assembleia, e o peemedebista Antônio Britto governava o Estado.
Tarso até então vinha sendo mais brando ao falar sobre a negociação de quase 20 anos atrás: “Talvez qualquer governador fizesse esse acordo naquela oportunidade, não sei”, disse, em agosto.
O problema, afirmou ele na ocasião, é que a conjuntura daquela época, de juros altos e inflação elevada, não existe mais e o Estado continua obrigado a seguir o acordo.
Até hoje, o governo gaúcho precisa destinar 13% de suas receitas a Brasília para quitar o débito. Proporcionalmente, é o Estado mais endividado do país.
Na TV, uma peça descontraída do petista acusa Sartori de ter “amarrado” o Estado com a negociação.
O mote da campanha de Tarso no segundo turno é ligar o adversário a problemas de governos anteriores do PMDB no Estado. Além de Britto (1995-1998), o peemedebista Germano Rigotto governou o Rio Grande do Sul de 2003 a 2006.
A ida de Sartori para o segundo turno surpreendeu os petistas, já que o principal alvo da campanha até então era a candidatura da senadora Ana Amélia Lemos (PP), que acabou em terceiro lugar.
INSISTÊNCIA
O candidato do PMDB reclama da insistência do governador em discutir o “passado” e em “olhar para o retrovisor”.
Ele afirma que o acordo sobre a dívida foi firmado com um conjunto de Estados e defende a renegociação dos termos ainda em vigor com o governo federal.
No fim de semana passado, o presidenciável tucano Aécio Neves esteve no Estado e prometeu rever o “fluxo” pago pelos governos.
Tarso diz que um projeto que altera o indexador da dívida será votado no Senado depois da eleição, o que abriria mais espaços nas finanças estaduais.
A oposição duvida, já que o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, já manifestou contrariedade com a proposta.
A presidente Dilma Rousseff disse no primeiro turno que, “no que depender do governo federal”, o projeto será votado ainda neste ano.