Profissionais que atuam na atenção primária de saúde, vigilância epidemiológica, hospitais públicos e privados e representantes de sociedades científicas estão reunidos durante esta semana em Curitiba para debater estratégias de redução da mortalidade materno-infantil em Curitiba e Região Metropolitana. O I Encontro para Integração no Enfrentamento do Óbito Materno, Infantil e Fetal acontece na Unibrasil.

As medidas que Curitiba vem adotando para reduzir a mortalidade infantil estão sendo apresentadas durante o encontro. Em 2013, a capital  registrou o menor número de óbitos infantis de sua história. Foram 220 mortes de crianças com menos de um ano de idade. Em 2012, haviam sido registrados 239 óbitos. Dados de 2104 serão apresentados nesta quinta-feira (23) pelo secretário municipal da saúde, Adriano Massuda.

De acordo com Massuda, a redução em Curitiba está associada a medidas como  o fim da fila de gestantes que aguardavam a consulta para avaliação de risco, o aprimoramento do programa Mãe Curitibana e as oficinas realizadas em toda a rede de saúde para tratar de temas como aleitamento e a importância do pré-natal e da puericultura.

Entre 2012 e 2013 houve redução de quase 10% nos óbitos infantis, e em 2014 caminhamos para outra diminuição de mesma magnitude, frisa o secretário. Ações de vigilância, a exemplo da câmara materna, que investiga as causas dos óbitos de mulheres entre 10 e 49 anos de idade, e das câmaras distritais, são essenciais nesse trabalho. É por isso que esse evento, que discute a integração das diversas áreas da saúde no enfrentamento da questão, como a vigilância e a assistência, é tão relevante, completa.

No início de 2013, 763 mulheres aguardavam para realizar a consulta que detectasse se a gravidez era de risco e se necessitariam de acompanhamento constante. Em alguns casos, a espera durava até três meses. Hoje o sistema não tem fila e a consulta no hospital de referência é marcada em até 15 dias.

Em Curitiba, a vigilância e a investigação dos óbitos contribuem para aumentar a quantidade e qualidade das informações sobre cada morte, analisando suas causas e fatores determinantes. Esta análise é fundamental para propor novas medidas e ações de saúde que melhorem a qualidade da vida da população como um todo, explica Juliane Oliveira, diretora de Epidemiologia da Secretaria, chamando atenção também para a relevância de debater o tema com as gestões em saúde dos municípios da Região Metropolitana.

Para Rafael Frederico Bruns, diretor de tecnologia da Sogipa – Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Paraná, os avanços científicos deverão contribuir ainda mais para a redução dos índices de mortalidade materno-infantil no futuro. É possível imaginar que, dentro de cinco anos, possamos diminuir o número de partos prematuros, com menos de 34 semanas de gestação, em até 40%, afirmou.

Desde 2008, o Ministério da Saúde estabeleceu a obrigatoriedade dos setores que integram o Sistema Único de Saúde (SUS) a notificar os óbitos maternos e os óbitos de mulheres em idade fértil, independentemente da causa declarada, como eventos de investigação obrigatória.

Histórico

Curitiba iniciou em 2002 a investigação e análise complementar de cada caso de óbito infantil pelo Comitê Pró-Vida de Prevenção de Mortalidade Materno-Infantil. O Comitê Pró-Vida é composto por representantes do Sistema Único de Saúde (SUS) e da rede privada, sociedades científicas, órgãos de fiscalização, organizações da sociedade civil. Os objetivos do Comitê são identificar causas e fatores que contribuem para os óbitos, discutir e sugerir medidas de intervenção e conscientizar gestores, serviços, profissionais de saúde e comunidade sobre os efeitos da mortalidade materna e infantil.

Integração

Na abertura do evento, Massuda ressaltou também a importância de envolver a rede suplementar privada no desenvolvimento e nas discussões sobre a saúde. A cidade oferece um mix de serviços públicos e privados, e é necessário integrar cada vez mais na agenda estratégica da gestão em saúde a interlocução com a assistência particular no desenho da estratégia para o setor, disse.

Programação

Na quarta-feira, o encontro também contou com palestras de Juan Cortez Escalante, da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, e Eleonora Walcher, que tratou da experiência na Secretaria Estadual da Saúde do Rio Grande do Sul.
 
Na quinta-feira (23), a discussão será sobre a atenção primária em Curitiba e a segurança do paciente. Na sexta-feira (24), o município de São José dos Pinhais e alguns distritos de Curitiba, como Portão, CIC e Bairro Novo irão apresentar suas ações no enfrentamento da mortalidade fetal, materna e infantil.
 

I Encontro para Integração no Enfrentamento de Óbitos Maternos, Infantis e Fetais
Local:
 Unibrasil (Rua Konrad Adenauer, 442 Tarumã – Bloco 5, 3º Andar, Auditório Barão do Cerro Azul)
Datas: 22, 23 e 24 de outubro