MARINA GALEANO
SÃO PAULO, SP – “Adversário não é inimigo. Rivais só em campo”. A frase, escrita entre os símbolos do Palmeiras e do Corinthians, está em uma faixa fixada na frente da Academia Store, loja oficial do clube alviverde, na rua Itapura, no Tatuapé.
Perto dali, a cerca de 400 m, um banner similar estampa a fachada da Todo Poderoso Timão, especializada na venda de artigos do time alvinegro, na mesma rua.
Quase vizinhos, os donos dos dois estabelecimentos se tornaram amigos e defendem a rivalidade saudável no futebol.
Por isso, decidiram colocar a faixa em seus respectivos comércios durante a semana do clássico entre Palmeiras e Corinthians, que acontece no próximo sábado (25), no Pacaembu, pela 31ª rodada do Campeonato Brasileiro.
“Comentei com o André sobre a ideia e ele achou legal”, conta Paulo Felipe Correa, 23, dono da Academia Store, referindo-se ao proprietário corintiano. “Os clientes têm apoiado a iniciativa, a resposta foi muito positiva”, acrescenta.
André Carneiro, 30, inaugurou sua franquia da Todo Poderoso Timão no dia 12 de dezembro de 2012, no primeiro jogo do Corinthians da final do Mundial.
E há aproximadamente cinco meses, recebeu uma visita inesperada em sua loja: dois homens vestidos “a caráter”, de uniforme do Palmeiras.
“Achei estranho, mas perguntei se poderia ajudar”, lembra.
Os clientes, na verdade, eram Paulo Felipe e seu pai, Paulo Correa, 50, que haviam acabado de abrir a franquia palmeirense e resolveram se apresentar ao rival.
Com mais experiência, André ajudou a família Correa no início das vendas de artigos esportivos especializados e, desde então, se veem toda semana -mas, nem por isso, deixaram de alfinetar o time adversário.
“O André foi a única pessoa que apareceu na nossa loja depois que perdemos de goleada por 6 a 0 do Goiás [na 23ª rodada do Brasileiro]”, revela Paulo Felipe.
“Eu não falei nada. Não vim para zoar, não”, defende-se o corintiano.
Como atuam no mesmo ramo, os três vivem trocando experiências e afirmam que as vendas funcionam de forma muito parecida entre os clientes alviverdes e alvinegros.
Depois de uma derrota vexatória, os torcedores somem. Em compensação, no dia seguinte a um revés “aceitável”, eles surgem aos montes.
“Por isso, espero que você venda muita camisa do Corinthians na segunda-feira”, diz o palmeirense Paulo Correa, aos risos, antes de André se despedir rumo à sua loja corintiana.
EXEMPLO
Antes do clássico entre Corinthians e Palmeiras, em fevereiro, no Campeonato Paulista, as duas equipes lançaram a campanha “Adversário não é inimigo. Rivais só em campo”, com a intenção de promover a paz entre as torcidas.
Às vésperas da partida, organizaram um evento em conjunto para a imprensa, no qual os presidentes e os treinadores dos dois clubes ocuparam a mesma mesa, em um clima bastante amistoso.
No dia do jogo, os atletas entraram com uma faixa em campo, que trazia estampado o lema da campanha -foi daí que Paulo Felipe tirou a ideia de sugerir a André que colocassem um banner semelhante à frente das duas lojas no Tatuapé esta semana.
Ao que parece, os torcedores aprovaram a iniciativa.
“Achei fantástico. Com essa faixa, a gente vê palmeirense tirando foto da loja do Corinthians, e vice-versa. Antes era só torcedor xingando”, conta Anderson Luiz Garcia, 40, empresário, vizinho e cliente da loja Todo Poderoso Timão.