Mais de 500 mil cirurgias bariátricas, de redução de gordura, são realizadas todos os anos no mundo. No Brasil foram 80 mil cirurgias apenas em 2013. Estudos revelam que, deste total de pacientes que se submeteram ao procedimento, 20% voltam a ganhar peso após a cirurgia e dois fatores têm contribuído para que isso aconteça: a dilatação do estômago operado e o retorno da compulsão alimentar, muitas vezes provocada pela ansiedade.

Isto significa que milhares de obesos operados voltam a engordar e a apresentar doenças associadas à obesidade, como diabetes, hipertensão arterial, apneia do sono, sem falar na baixa autoestima e problemas psicológicos e psiquiátricos relacionados.

O aumento na ingestão de carboidratos (doces e massas) é muito comum neste grupo de pacientes e a explicação para este comportamento é simples: o carboidrato estimula nosso cérebro a produzir substâncias que nos dão bem estar, afirma o cirurgião paranaense Caetano Marchesini, que é membro da Federação Internacional de Cirurgia para Obesidade (IFSO).

O reganho de peso acontece geralmente com pessoas que não seguem as recomendações médicas, após serem submetidas ao by-pass gástrico ou cirurgia de Fobi-Capella — tipo de cirurgia mais realizada no mundo. Neste processo cirúrgico o tamanho e o volume do estômago são reduzidos, diminuindo o aporte calórico diário e resultando na perda de peso.

Caetano Marchesini conta que o reganho de peso acontece muitas vezes devido ao aumento da autoconfiança, associada aos maus hábitos alimentares do paciente, como o consumo abusivo de doces e álcool, falta de atividade física e até mesmo pela compulsão alimentar mal tratada. Com isso ocorre a perda da sensação de saciedade, o estômago operado aumenta seu volume e o paciente começa a ganhar peso novamente, explica Marchesini.

Outro fator que influencia nos resultados da cirurgia é o psicológico. O psiquiatra e pesquisador, Hélio Tonelli, mestre em farmacologia e especialista em obesidade, recomenda a avaliação psiquiátrica para todos os pacientes que desejam fazer a redução de estômago. O objetivo da consulta é detectar qualquer distúrbio que possa prejudicar a boa evolução do paciente no período pré-operatório e pós-operatório.
O paciente passará por uma mudança importante na sua maneira de viver e o acompanhamento psiquiátrico auxilia na sua motivação e engajamento neste processo de mudança, informa Tonelli.

Caso
Vinte quilos em menos de dez meses
A técnica de enfermagem Angélica Oliveira, 40 anos, fez a cirurgia bariátrica aos 32 anos com o cirurgião Caetano Marchesini. “Além de obesa, eu estava com vários problemas como, diabetes, pressão alta e gordura no fígado”, lembra. Ela perdeu 50 quilos em sete meses, tornou-se uma pessoa saudável e então, teve que mudar de cidade. Angélica não deu continuidade ao tratamento e voltou a ganhar 17 quilos. Com isso, ela retornou à Curitiba, procurou o Marchesini e conheceu a alternativa do plasma de argônio. Em janeiro deste ano ela fez a última sessão do tratamento e perdeu 20 quilos. “A pessoa tem que ter a consciência de que a cirurgia é apenas uma parte do tratamento e que o acompanhamento multidisciplinar, a disciplina e a força de vontade do paciente são fatores fundamentais para bons resultados”, reforça Angélica.


Diabetes

  • E o que fazer para resolver este reganho de peso, que compromete a saúde e o bem-estar das pessoas?
  • Já existe tratamento para pacientes que voltaram a ganhar peso após a cirurgia bariátrica. A nova modalidade de procedimento endoscópico diminui o diâmetro da saída do estômago, tornando-o novamente apto à perda de peso, com um controle e acompanhamento mais intensos. Somos pioneiros no Brasil neste tratamento feito com plasma de argônio, conta Caetano Marchesini
  • Trata-se de uma cauterização da costura entre o estômago reduzido e o intestino delgado, levando ao estreitamento da região e dificultando o esvaziamento do estômago operado. Com isso, o paciente volta a apresentar a saciedade alimentar com baixa ingestão de alimentos, já que o organismo volta a apresentar restrição para a comida
  • O método é indicado para pacientes que voltaram a ganhar peso, ou que interromperam a perda de peso ainda apresentando índices de obesidade. O Plasma de Argônio começa a ser indicado, em média, com tempo mínimo de 12 a 24 meses após a cirurgia inicial