ARTUR RODRIGUES
SÃO PAULO, SP – O vazamento do áudio da presidente da Sabesp, Dilma Pena, já virou munição para a oposição. Em gravação obtida pela Folha de S.Paulo, Dilma afirma que recebeu orientação superior para barrar a intensificação de alertas sobre a crise hídrica do Estado de São Paulo.
A liderança do PT na Assembleia Legislativa afirmou que vai entrar com representação no Ministério Público para que este investigue ato de improbidade do governador Geraldo Alckmin (PSDB) e do secretário de Recursos Hídricos, Mauro Arce, alegando que ambos foram omissos.
“Lamentamos que o Governador continue com uma postura irresponsável perante a população, sem alerta-la da gravidade da crise instalada e que pode causar sérios danos à vida das pessoas”, afirmou o deputado João Paulo Rillo, por meio de nota.
Voz da presidente da Sabesp, Dilma Pena
Membro da CPI da Sabesp, vereador Nabil Bonduki (PT) afirmou que a presidente da empresa foi questionada se havia influência política nas decisões e garantiu que os posicionamentos eram técnicos.
“Ela afirmou várias vezes que foi uma decisão interna, que o plano era a melhor opção. Portanto, é possível uma interpretação de que seja considerado crime de falso testemunho”, afirmou Bonduki.
Os vereadores pretendem chamar Dilma para prestar depoimento novamente na comissão.
O deputado Carlos Giannazi protocolou pedido de formação de uma comissão processante para apurar eventuais delitos pelo governador e pelo secretário Mauro Arce.
“Ambos foram negligentes, irresponsáveis e levianos com a administração pública, por isso devem ser punidos com as penas da lei em vigor no país. Pautaram a administração pública com a lógica do calendário eleitoral”, afirma.
A gestão Geraldo Alckmin (PSDB) afirmou que a Sabesp tem de esclarecer as circunstâncias e o sentido das frases que foram vazadas.
“O governo de São Paulo nunca vetou qualquer alerta sobre a crise hídrica. Ao contrário, o próprio governador concedeu mais de uma centena de entrevistas coletivas, desde fevereiro, para salientar a gravidade da maior seca já registrada na história”, afirma nota do governo.
Na mesma reunião, o diretor metropolitano da Sabesp, Paulo Massato, diz que a situação é uma “agonia” e diz que “não sabe o que fazer” se os volumes de chuva neste ano repetirem o cenário de 2013.
Voz do diretor metropolitano da Sabesp, Paulo Massato
“Se repetir o que aconteceu esse ano, do final de 2013 de outubro pra cá, se voltar a repetir em 2014, confesso que eu não sei o que fazer. Essa é uma agonia, uma preocupação.”
Depois, ele relata uma “brincadeira” que um colega fez, mas ressalta que é uma “brincadeira séria”: “Ele falou: ‘Saio de São Paulo, porque aqui não tem água, não vai ter água pra tomar banho, limpeza da casa’.”
“Quem puder compra garrafa de água mineral, quem não puder vai tomar banho na casa da mãe, em Santos, Ubatuba, Águas de São Pedro. Aqui não vai ter.”