SÃO PAULO, SP – A ABI (Associação Brasileira de Imprensa) classificou como “inconstitucional” a decisão provisória do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) impedindo que a editora Abril, responsável pela revista “Veja”, veicule publicidade sobre a edição desta semana. A Justiça determinou, na sexta (24) à noite, que a revista não contrate publicidade em rádio, televisão, outdoor e internet para divulgar a edição. “A intervenção do TSE, além de extemporânea, fere a liberdade de imprensa, agride o Estado de Direito e conspurca os princípios que regem a atividade econômica em nosso país”, diz a ABI em nota. A última edição da “Veja” diz que o doleiro Alberto Youssef afirmou, em sua delação premiada, que a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula sabiam do esquema de desvios de corrupção na Petrobras. Eles negam, dizem que a publicação não apresentou provas e afirmam que a revista será acionada na Justiça. Para o ministro Admar Gonzaga, a divulgação paga da revista transformou-se em “publicidade eleitoral” em favor de Aécio Neves (PSDB). Para a ABI, “ao estampar a denúncia do doleiro Alberto Youssef, em sua chamada de capa, a revista apenas exerceu o papel de bem informar seus leitores sobre um tema de interesse público”. A decisão é liminar, ou seja, tem efeitos imediatos, mas será julgada pelo conjunto de ministros. O pedido foi feito pela campanha de Dilma, para quem a publicação agiu com o intuito de prejudicar a petista. De acordo com o ministro, “ainda que a divulgação da ‘Veja’ apresente nítidos propósitos comerciais, os contornos de propaganda eleitoral, a meu ver, atraem a incidência da legislação eleitoral, por consubstanciar interferência grave em detrimento de uma das candidaturas”. PICHAÇÕES A entidade também condenou as pichações que ocorreram na sede da editora Abril, em Pinheiros (zona oeste de São Paulo), onde fica a Redação da revista “Veja”. Na calçada, nas paredes e na placa na entrada da Abril foram escritas frases como “‘Veja’ mente” e ‘fora ‘Veja'”. As pichações são assinadas pela UJS (União da Juventude Socialista), organização de militância jovem ligada ao PC do B. A ABI argumenta que “a história tem mostrado como manifestações de intolerância política dessa natureza costumam terminar”. O órgão finaliza a nota afirmando que “nosso passado recente é rico de exemplos do que sempre acontece quando a imprensa é impedida de cumprir sua missão”.