SÃO PAULO, SP – Cerca de 200 estudantes saquearam neste sábado (25) um supermercado e lojas da cidade de Chilpancingo, no sudoeste do México, durante protesto contra o desaparecimento de 43 alunos da escola normal rural de Ayotzinapa.
Os manifestantes pedem que o governo informe o paradeiro dos normalistas, que foram alvo de uma emboscada ao deixar a cidade de Iguala (a 192 km da Cidade do México), em 26 de setembro, após um evento de arrecadação.
Segundo a Procuradoria-Geral mexicana, policiais da cidade se associaram a traficantes e alvejaram os dois ônibus onde estavam os alunos de Ayotzinapa. Na ação, seis pessoas morreram e 25 ficaram feridas, além dos 43 desaparecidos.
Desde então, aumentou o volume dos protestos, com a participação de camponeses, professores e movimentos sociais de todo o país. Alguns deles se tornaram violentos, com atos de vandalismo, saques e incêndios em prédios estatais.
Neste sábado, os manifestantes, alguns deles mascarados, invadiram dois mercados de Chilpancingo, quebraram as janelas e derrubaram prateleiras.
Além de alimentos, os saqueadores levaram eletrônicos, enquanto outros escreviam “tudo grátis” nas gôndolas. Após o saque, os mercados foram protegidos por policiais do Estado de Guerrero.
Na noite de sexta (24), parentes e amigos dos alunos de Ayotzinapa manifestaram desconfiança em relação à investigação federal e criticaram o fato de serem vinculados a “grupos criminosos”.
RELAÇÕES POLÍTICAS
A polícia ainda continua a buscar o prefeito de Iguala, José Luis Abarca, desaparecido desde o dia 30. A Procuradoria-Geral diz que Abarca foi o mandante da emboscada contra os estudantes normalistas.
Para os promotores, ele temia que os estudantes sabotassem um evento público de sua mulher, María de los Ángeles, que também está foragida. Ela é irmã de três integrantes do cartel Guerreros Unidos, que teria sido chamado para o ataque.
Abarca se candidatou e foi eleito depois de receber o apoio do governador de Guerrero, Ángel Aguirre, que já comandou uma repressão a estudantes de Ayotzinapa em 2011, que deixou dois mortos.
Após pressão dos manifestantes, de seus correligionários do esquerdista PRD e do presidente Enrique Peña Nieto, Aguirre deixou o cargo na quinta (23). O afastamento foi ratificado pelo Congresso local na madrugada deste sábado.
Embora a saída de Aguirre fosse uma das reivindicações, parentes e alunos de Ayotzinapa disseram que manterão os atos e que pretendem fechar estradas e ocupar os aeroportos de Acapulco e da Cidade do México nos próximos dias.