Curitiba foi sede na quarta-feira (29) da I Conferência Temática de Saúde da Pessoa com Deficiência, promovida pelo Conselho Estadual de Saúde (CES-PR). O evento, realizado em parceria com o Governo do Estado, reuniu mais de 90 gestores, profissionais, conselheiros de saúde e usuários do SUS para debater o tema.

O objetivo foi discutir os rumos da atenção à saúde voltada a este público. De acordo com o presidente do CES-PR, Antonio Garcez Neto, o evento surgiu da necessidade do aprimoramento das políticas públicas direcionadas à pessoa com deficiência.

É inegável que uma série de avanços foram conquistados nos últimos anos, contudo é preciso ampliar o diálogo, trabalhar de forma intersetorial e ouvir mais os usuários visando à qualidade de vida e inclusão social dessas pessoas, afirmou Garcez Neto.

O deficiente visual e usuário do SUS, Vilmar da Motta, afirma que ainda existem diversas barreiras para que as pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida tenham acesso aos serviços de saúde. Vemos que grande parte da rede de saúde ainda não está preparada para nos atender. E também há a questão do acesso, pois muitos têm dificuldade para se deslocar à unidade de saúde e não recebem assistência domiciliar, disse.

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que 20% da população paranaense tem algum tipo de deficiência. Isso ressalta a importância de se estabelecer um cuidado específico para essa população, com serviços de saúde e equipes multiprofissionais capacitadas para atender a demanda de cada cidadão, afirmou Vilmar da Motta.

REDE – Durante o evento, também foi apresentada a Rede de Atenção à Pessoa com Deficiência que está sendo estruturada no Estado. O chefe do departamento de Atenção às Condições Crônicas da Secretaria da Saúde, Juliano Gevaerd, conta que a rede prevê ações para garantir a promoção, prevenção, tratamento e reabilitação dos pacientes de todas as regiões do Estado. Estamos ampliando e articulando os pontos de atenção especializados para que a pessoa seja atendida de maneira resolutiva e o mais perto de casa, afirmou.

Para 2015, a Secretaria da Saúde vai implementar um incentivo financeiro para fortalecer o atendimento realizado pelas equipes das unidades de saúde. Com os novos recursos, as prefeituras poderão incluir fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais nas equipes dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família, qualificando a atenção, informa Gevaerd.

CENTROS DE ESPECIALIDADES – Outra novidade é a estruturação de 23 novos Centros de Especialidades do Paraná, que serão responsáveis pela oferta de consultas, exames e tratamento especializado em um único espaço. Esses serviços contarão com equipes multiprofissionais capazes de acompanhar gradativamente a reabilitação do paciente.

Nas regiões de Toledo, Pato Branco, Cornélio Procópio e Francisco Beltrão as obras já estão sendo finalizadas e o Governo do Estado apóia os Consórcios Intermunicipais de Saúde, que gerenciam os serviços, para a compra de equipamentos. Outras seis regiões já receberam recursos para a construção dos Centros de Especialidades (Apucarana, Londrina, Maringá, Cascavel, Guarapuava e Ponta Grossa).

Para a gestão 2015-2018 está prevista a liberação de recursos para construção de mais 13 Centros de Especialidades, atendendo as 22 regiões de saúde do Estado.

BALANÇO – Nos últimos quatro anos, o governo estadual reforçou o atendimento no Centro Hospitalar de Reabilitação (CHR). Após 10 anos, o Paraná retomou a realização de cirurgias reabilitativas da hanseníase, o que permitiu que a fila de espera pelo procedimento fosse zerada. Também foram iniciadas as cirurgias odontológicas sob anestesia geral para pessoas com deficiência, melhorando a qualidade de vida dos pacientes.

Além do CHR, o Estado mantém o Centro Regional de Atendimento Integrado ao Deficiente (Craid) e o Centro de Atendimento ao Fissurado Labiopalatal (Caif), que juntos realizaram mais de 300 mil atendimentos desde 2011.

Na área de diagnóstico, o Paraná é destaque no setor de triagem neonatal. O Estado garante a realização do teste do pezinho em 100% dos bebês nascidos vivos, através da Rede Mãe Paranaense. A rede oferece ainda testes do olhinho, da orelhinha e do coraçãozinho, que permite o diagnóstico de diversas doenças.

PROPOSTAS – No final da conferência, foi elaborado um documento com as principais propostas apresentadas durante as discussões. O texto será encaminhado aos órgãos de saúde dos municípios, Estado e Governo Federal, visto que as medidas a serem implementadas demandam ações compartilhadas.