SÃO PAULO, SP – O ditador de Burkina Faso, Blaise Compaoré, anunciou nesta sexta-feira (31) que deixará o poder no país, depois de dias de manifestações. Em seu comunicado de renúncia, o líder pede por um período de 90 dias de transição antes das eleições. Pouco antes, um oficial do Exército havia anunciado a uma multidão de manifestantes que Compaoré não estava mais no poder, provocando gritos de alegria no centro da capital Uagadugu.

Na quinta-feira (30), os manifestantes invadiram o Parlamento para evitar a votação de uma emenda constitucional que permitiria que Compaoré se candidatasse para mais um mandato de cinco anos. Em resposta ao caos, Compaoré decretou o estado de exceção, mas logo os militares anunciaram a dissolução do governo e prometeram a formação de um governo interino de transição até as eleições do próximo ano. Porém, os burquinenses não se contentaram, já que Compaoré permaneceria no governo de transição, que duraria 12 meses, e voltaram às ruas de Uagadugu. “A partir deste dia, Blaise Compaoré não está mais no poder”, disse o coronel Boureima Farta.

DITADURA

Um dos países mais pobres e menos desenvolvidos da África, Burkina Faso mantinha certa estabilidade nos últimos anos. O país também é conhecido por sediar o Festival Pan-Africano de Cinema, o principal do continente. Governando o país desde 1987 após dar um golpe, Compaoré contava com o apoio da ex-metrópole França e dos EUA. O país sedia uma das bases francesas usada no combate a radicais islâmicos no vizinho Mali.