SÃO PAULO, SP – Os 40 brasileiros residentes em Burkina Faso foram orientados a permanecer em suas casas, segundo o responsável pela Embaixada do Brasil no país, Nergiton Majela de Souza. Nesta sexta-feira (31), o ditador do país, Blaise Compaoré, que governava há 27 anos, renunciou ao cargo depois de intensos protestos na capital, Uagadugu, onde vivem 25 brasileiros. Souza relata que a violência foi intensa nesta quinta (30) e nesta sexta, com saques e ataques a prédios públicos.

Cerca de 1.500 pessoas invadiram o Parlamento na quinta e colocaram fogo no prédio antes de uma votação para permitir que Compaoré concorresse novamente à reeleição. “Hoje aumentaram os saques a negócios de parentes e amigos do ditador”, diz Souza. O brasileiro acredita que a situação deve se acalmar com a notícia da renúncia. Os protestos deixaram ao menos três mortos, embora o líder da oposição, Zéphirin Diabré, tenha dito que mais de 30 morreram.

Para Souza, não houve um “banho de sangue” porque as forças de segurança desistiram de guardar os prédios públicos. “Quase não houve violência contra pessoas”, diz. “Não temos ideia ainda de como será o governo de transição. Se será encabeçado pelo general Honore Traore ou pela oposição”. Segundo o pronunciamento de Compaoré, uma nova eleição será organizada em 90 dias.

Na quinta, os militares dissolveram o Parlamento e anunciaram um governo de transição de 12 meses, até as eleições de 2015. Compaoré desistiu de concorrer nas eleições, mas disse que se manteria no cargo nesse período, o que levou a população de volta às ruas nesta sexta para exigir a renúncia imediata. Souza assumiu a Embaixada na ausência da embaixadora, Regina Bittencourt, que não conseguiu voltar ao país porque o aeroporto está fechado desde quinta.