SÃO PAULO, SP – A Esplanada das Mesquitas reabriu em Jerusalém nesta sexta-feira (31), principal dia de oração da semana para os muçulmanos, depois de ser fechada na quinta (30) depois de conflitos constantes em Jerusalém Oriental, anexada e ocupada por Israel.
A cidade amanheceu calma após uma noite de incidentes esporádicos entre jovens palestinos, colonos judeus e efetivos da polícia nos bairros do leste da capital, como Suafat, Beit Hanina e Abu Tor.
Também houve enfrentamentos em uma das ruas que levam à Esplanada das Mesquitas, dentro do bairro árabe da Cidade Velha, onde um palestino foi detido e outro ficou levemente ferido.
Nesta sexta, Israel decidiu reabrir a Esplanada das Mesquitas, mantendo, contudo, uma proibição de acesso a homens com menos de 50 anos, informou uma porta-voz da polícia israelense, Luba Samri.
A polícia de Israel frequentemente limita o acesso a muçulmanos maiores de 40 ou 50 anos quando teme possíveis confrontos no local.
A tensão aumentou na quinta depois da tentativa de assassinato do rabino Yehuda Glick, um importante ativista da direita judeu, que luta para mudar o status da Esplanada e reabri-la para as orações judaicas.
Apesar do local ser sagrado para o judaísmo e o islamismo, o governo não permite orações de judeus no local para evitar conflitos.
Glick, que está internado em estado grave, foi baleado em Jerusalém Ocidental por um ex-condenado palestino que, horas depois, foi morto a tiros pela polícia israelense no bairro de Abu Tor.
Os partido palestino Fatah e os radicais do Hamas convocaram um protesto em Jerusalém contra o fechamento do local.
As tensões em Jerusalém Oriental já vinham aumentando, principalmente depois da guerra em Gaza e do anúncio de mais assentamentos israelenses na região, que os palestinos querem transformar na capital de seu Estado.
LOCAL SAGRADO
A Esplanada das Mesquitas, chamada de Monte do Templo pelos judeus, que abriga a mesquita de Al Aqsa, é o terceiro lugar mais sagrado do islã.
Também é um local sagrado do judaísmo, por ter abrigado o Segundo Templo, destruído pelos romanos.
De acordo com as regras que regem o acesso a Al Aqsa, que é administrado pelas autoridades religiosas da Jordânia, os judeus são autorizados a entrar no complexo, mas não podem rezar ali.
Nos últimos anos, tem havido um esforço por ativistas judeus de extrema-direita para permissão de reza no local, uma campanha que tem aumentado as tensões com a comunidade muçulmana.
Moradores disseram que foi a primeira vez que a Esplanada das Mesquitas foi fechada para todos os visitantes -muçulmanos, judeus e turistas -desde 2000, quando começou a segunda Intifada. Mas as autoridades religiosas da Jordânia dizem que é o primeiro fechamento desde 1967.
REAÇÃO
O presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmud Abbas, considerou o fechamento uma “declaração de guerra”, assim como os recentes atos israelenses em Jerusalém Oriental.
A Jordânia acusou Israel de “terrorismo de Estado”. Já a Al-Azhar, uma das mais prestigiadas autoridades do Islã sunita, denunciou como “um ato hostil e bárbaro”.
A Al-Azhar acusou Israel de querer “tomar o controle da mesquita de Al-Aqsa” e fez um apelo “ao mundo muçulmano e à comunidade internacional para que impeçam este ato bárbaro que exacerba o conflito religioso e causa instabilidade na região”.