RENATA AGOSTINI
BRASÍLIA, DF – O Brasil seguirá empenhado em concluir as negociações para a criação de uma área de livre comércio entre Mercosul e União Europeia, segundo o ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo.
O chanceler afirmou nesta sexta-feira (31) que a agenda do governo nos próximos anos é “clara” e envolve também o fortalecimento do Mercosul e a busca da antecipação do calendário de eliminação de tarifas com Peru e Colômbia.
“Temos de conversar com a presidente, que irá nos dizer quais serão os próximos horizontes, próximas fronteiras”, afirmou em conversa com jornalistas em Brasília.
O setor privado tem cobrando do governo mais esforço na busca por tratados comerciais. Desde 2010, o país não fecha novos acordos deste tipo.
Figueiredo segue nesta sexta-feira (31) para Cartagena, na Colômbia, para reunião entre os chanceleres do Mercosul e da Aliança do Pacífico, bloco formado por México, Colômbia, Peru e Chile.
Segundo ele, a reunião será “informativa” e não há na pauta negociações comerciais entre os dois blocos.
“Muitas vezes lemos comentários de que há um divórcio entre os dois blocos. Uma reunião como esta é útil do ponto de vista de convergência, mas simbolicamente tem um peso. Na prática, por mais que haja interpretações por comentaristas de que existe um descompasso, não é verdade”, afirmou.
TROCA DE OFERTAS
O ministro afirmou que a troca de propostas entre o Mercosul e a União Europeia ocorrerá quando os europeus estiverem prontos e que o bloco está preparado.
A troca deveria ter ocorrido em dezembro de 2013, mas foi adiada a pedido dos europeus. Não foi agendada nova data até o momento.
“Não me interessa forçar artificialmente quem quer que seja a colocar uma oferta sobre a mesa. Os europeus irão nos dizer quando tiverem a oferta pronta. Longe de mim ficar pressionando. Não é assim que funciona”, disse.
Enquanto as negociações com a União Europeia não avançam, o Brasil segue tentando antecipar a implantação do livre comércio com Peru e Colômbia, prevista para ocorrer em 2019.
No caso do Peru, 99,8% das mercadorias já entram no Brasil sem tarifa, enquanto 84% dos produtos brasileiros são exportados para o mercado peruano sem taxa, de acordo com o Itamaraty.
Já a Colômbia pode enviar 83% de seus bens sem que haja cobrança de impostos, enquanto 58% dos produtos brasileiros vendidos para lá ficam isentos.
A ideia do governo brasileiro é que o livre comércio seja alcançado em 2016, três anos antes do previsto. A proposta já foi apresentada tanto ao Peru quanto à Colômbia.
O argumento técnico do governo para modificar o calendário é da necessidade de “reequilíbrio” na equação negociada quando os acordos foram firmados, já que acertos comerciais feitos por Peru e Colômbia com outros países posteriormente resultaram na perda da preferência brasileira naqueles mercados.
O calendário de eliminação de tarifas foi concluído com o Chile, onde os produtos dos dois lados já não sofrem incidência de alíquotas de importação.