SAMANTHA LIMA
RIO DE JANEIRO, RJ – A MMX, mineradora controlada por Eike Batista, comunicou, nesta quinta-feira (30), ter feito um “impairment” –reconhecimento contábil de que os ativos valem menos do que anteriormente calculado– no valor de R$ 1,807 bilhão.
Na prática, a empresa reconhece que o valor recuperável de seus ativos, considerando a possibilidade de dar retorno, é R$ 1,807 bilhão menor do que esperado.
De acordo com a MMX, que está em recuperação judicial, a baixa contábil se refere à operação e ao projeto de expansão da unidade Serra Azul, em Minas Gerais, sua principal unidade de produção.
O valor do “impairment” supera o patrimônio líquido da empresa no primeiro trimestre do ano, que é de R$ 1,3 bilhão, de acordo com as últimas demonstrações financeiras disponíveis.
Considerando essa comparação, a MMX é uma empresa tecnicamente “insolvente”, ou seja, tem mais dívidas do que ativos, diz o professor do Insper e sócio da M2M Escola de Negócios, Eric Barreto.
“As empresas devem verificar periodicamente o valor de seus ativos. Isso é feito por meio de duas análises. Uma é sobre a capacidade de o ativo gerar resultado no futuro. A outra é sobre valor de venda desse ativo. O valor mais favorável deve ser confrontado com o valor contábil desse ativo em seu balanço. Se este valor for menor do que o valor contábil, ela deve fazer o ‘impairment’, ou seja, dar baixa no valor contábil e lançar valor como despesa”, disse Barreto.
A empresa decidiu parar de produzir minério de ferro em setembro, devido à queda internacional na cotação, que está na faixa de US$ 82. É a mais baixa cotação desde 2009, período pós-crise.
Pelas normas contábeis, a perda deve ser provisionada no balanço da empresa.
A companhia informou que dará mais detalhes sobre as consequências do “impairment” nas demonstrações financeiras do segundo semestre, que ainda não foram divulgadas.
No dia 22, a Justiça aceitou o pedido de recuperação judicial da companhia.
A MMX é a terceira empresa de Eike a entrar em recuperação judicial desde o ano passado. Óleo e Gás Participações (ex-OGX) e o estaleiro OSX também pediram a proteção da Justiça para tentar reverter as dificuldades financeiras.
O advogado de Eike Batista, Sérgio Bermudes, nega que a situação da empresa seja de insolvência. “Para avaliar insolvência, é necessário considerar outros aspectos, como perspectivas negociais e operacionais. A empresa apresentou seu plano de recuperação judicial e, por isso, todas as contestações de dívida ficam suspensas. Juridicamente, essa baixa de ativo não tem significado”, disse.
A MMX não comentou a medida até o início da noite desta sexta-feira.