O Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade), uma prova que tem por objetivo avaliar a qualidade dos cursos e instituições de ensino superior brasileiro, completa dez anos em 2014. O resultado deste exame é um dos itens fundamentais para o cálculo dos indicadores de qualidade das instituições de ensino, e a partir do qual o Ministério da Educação e Cultura (MEC) pode planejar ações para melhoria do ensino no país.
O Enade faz parte do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes), que é formado por três eixos: a avaliação das instituições, dos cursos e do desempenho dos estudantes de ensino superior. O Enade busca aferir o rendimento dos estudantes de graduação em relação aos conteúdos programáticos, habilidades e competências trabalhados no decorrer de cada curso.
Embora o Enade seja um dos pilares para avaliar as instituições e não exatamente os alunos, é o desempenho deles na prova que serve de indicativo para os órgãos do governo qualificar a instituição. Alguns estudantes pensam que não é necessário fazer a prova cuidadosamente, bastando assinalar qualquer resposta, mas a realidade não é assim tão simples, já que o principal interessado no sucesso da prova deve ser o próprio aluno.
É verdade que a instituição de ensino se beneficia quando seus alunos recebem boas notas, pois seu resultado pode demonstrar para o público em geral que oferece um bom curso. E isso, no competitivo mercado de ensino superior, significa que mais alunos desejarão estudar naquela faculdade, centro universitário ou universidade.
O resultado alcançado pela instituição de ensino nas provas do Enade reflete drasticamente na vida dos estudantes que nela se formaram. Pelo indicador, os cursos recebem avaliação de 1 a 5, sendo as notas 1 e 2 consideradas insuficientes pelo Ministério da Educação. Se a instituição alcança bons resultados, o diploma que ela confere passa a ser mais valorizado no mercado de trabalho.
Por outro lado, se a instituição tem resultados ruins, todos os seus egressos podem sofrer as consequências em suas carreiras. Este resultado passa a ser a marca da instituição e, por extensão, às pessoas que nela estudaram. E como isso é amplamente divulgado pela mídia, algumas empresas passam a restringir as contratações às faculdades mais bem avaliadas.
Outro aspecto importante é a oportunidade de o aluno se autoavaliar em relação às competências desenvolvidas no decorrer do curso e, com isso, perceber os aspectos em que ele precisa investir mais para se tornar um bom profissional. Isso porque esta prova é elaborada de forma a avaliar a aplicação dos conhecimentos e não apenas a capacidade do aluno decorar determinado conteúdo. As questões são interdisciplinares e contextualizadas, empurram o aluno a aplicar o conhecimento aprendido em situações novas, demonstrando sua capacidade de raciocínio, compreensão, argumentação, análise, síntese, entre outros.
Há, também, uma questão burocrática que precisa ser lembrada: por lei, as instituições de ensino precisam inscrever todos os alunos que já cumpriram 80% da carga horária do curso para fazer o Enade. E, se o aluno não comparecer à prova, a universidade fica impedida de emitir certidão de colação de grau ou diploma. Dito de outro modo, mesmo que o aluno conclua o curso, ele não receberá o diploma, podendo com isso perder boas oportunidades de trabalho.
Além disso, os cursos mal avaliados restringem o financiamento estudantil e a concessão de bolsas por meio de programas sociais, como o Prouni. Por todas estas razões, o melhor que cada estudante pode fazer é se preparar para o Enade, revendo os assuntos abordados durante o curso, participar de forma segura e resolver a prova com toda atenção e cuidado, já que ela será a certificação de aprovação na profissão escolhida.

Inge Suhr é Doutora em Educação, Professora e Coordenadora Pedagógica do Centro Universitário Internacional Uninter