O vice-presidente executivo da Mendes Junior, Sérgio Cunha Mendes, um dos 23 presos na nova etapa da Operação Lava Jato, afirmou em depoimento à Polícia Federal nesta terça-feira (18), em Curitiba (PR), ter pago R$ 8 milhões às empresas do doleiro Alberto Youssef no esquema de corrupção que atuava na Petrobras, segundo o advogado Marcelo Leonardo, responsável pela defesa do executivo. , o valor foi pago após Sérgio Cunha Mendes ter sofrido extorsão de Youssef e do ex-diretor de Abastecimento e Refino da Petrobras Paulo Roberto Costa. Ele afirmou que a extorsão de Paulo Roberto Costa e Alberto Yousseff ocorreu em contratos relativos à Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), em Araucária (PR), segundo o advogado. É a segunda vez nos depoimentos da Operação Lava Jato que cita obras em Araucária como alvo de propina.

“Em razão desta extorsão, ele fez um único pagamento para as empresas do Alberto Youssef no valor total de R$ 8 milhões por exigência dele [Youssef] e por indicação do Paulo Roberto Costa, disse o advogado  Marcelo Leonardo, responsável pela defesa do executivo,  na Superintendência da PF.

Ainda segundo Leonardo, o diretor da Mendes Júnior respondeu a todas as perguntas dos delegados, deu todas as explicações necessárias e confirmou que conhecia Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef. Conforme o responsável pela defesa, o executivo disse no depoimento ter sido pressionado a fazer o pagamento a Youssef sob a ameaça de que os contratos da empresa com a Petrobras poderiam ser prejudicados. De acordo com o advogado, Mendes afirmou à PF que o dinheiro da propina foi depositado nas contas das empresas de Youssef entre julho a setembro de 2011.

Na segunda-feira (17),  executivos do grupo Toyo Setal afirmaram, em depoimento ao Ministério Público Federal dentro de acordo de delação premiada que o esquema de superfaturamento de obras e desvio de recursos da Petrobras para pagamento de propina a políticos incluiu a Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), em Araucária (região metropolitana de Curitiba). A informação foi revelada ontem pelo jornal O Estado de São Paulo. Segundo o jornal, Julio Camargo e Augusto Ribeiro de Mendonça Neto, ambos executivos do grupo, afirmaram que para ganhar a licitação para a realização das obras na Repar, como parte do Consórcio Interpar controlado pela Mendes Júnior -, a Toyo teve que pagar R$ 12 milhões em propina.

Um contrato de consultoria teria sido firmado pelo consórcio com a empresa Auguri Empreendimento e Assessoria Comercial, usada pelo delator para movimentar a propina. Houve solicitação de pagamento de vantagem indevida por Renato Duque e Pedro Barusco do valor aproximado de R$ 12 milhões, revelou o executivo. O valor foi pago mediante transferências feitas no exterior, apontou Camargo, indicando a conta de onde saiu, no Credit Suisse, a offshore que controlava a conta, a Drenos, e qual contrato da Auguri, no valor de R$ 40 milhões de comissionamento, respaldou a movimentação da propina.

Investigações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal apontam um esquema de lavagem de dinheiro que teria movimentado cerca de R$ 10 bilhões e provocou desvio de recursos da Petrobras. Na primeira fase da Operação Lava Jato, deflagrada em março deste ano, foram presos, entre outras pessoas, o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa. A nova fase da operação policial, deflagrada na última sexta (14), teve como foco executivos e funcionários de nove grandes empreiteiras que mantêm contratos com a Petrobras que somam R$ 59 bilhões. Parte desses contratos está sob investigação da Receita Federal, do MPF e da Polícia Federal. Ao todo, 24 pessoas foram presas pela PF até esta terça.