No passado, o sonho de muitos jovens brasileiros era ser médico, advogado ou jogador de futebol. Hoje, é estar por trás da criação de games como Call of Duty, FIFA ou Minecraft. A frase é de Artur Delorme, diretor em uma das principais escolas de games, a Saga. No Brasil, cursos livres, de bacharelado ou tecnólogos na área quadruplicaram nos últimos seis anos, movimento instigado pelo aumento de demanda de alunos e pela indústria no País, que busca ganhar espaço no mercado internacional.
O primeiro curso em faculdade na área de games surgiu em 2003, na Universidade Anhembi Morumbi, em São Paulo. Em 2008, existiam 11 cursos, número que saltou para, pelo menos, 44 em 2014. Só do ano passado para cá foram dez novos cursos, de acordo com o sistema de cadastro do Ministério da Educação.
A procura por educação em games cresceu motivada, segundo Delorme, pelo aumento do mercado de jogos digitais, pela maior facilidade em se produzir games hoje – que podem ser distribuídos para plataformas mais acessíveis como redes sociais, celulares e tablets -, e pelo acesso ao conhecimento e à tecnologia necessários para o seu desenvolvimento pela internet.

Thiago Appella fez parte da primeira turma do curso de Design de Games da Anhembi Morumbi. Após ter concluído a faculdade, passou pela alemã Wooga, a francesa Ankama, as brasileiras Hoplon e Vostu, além das americanas Blizzard e Electronic Arts, onde hoje é diretor de marketing de games gratuitos.
“Nossa turma chegou no final com oito de 40 alunos. É um curso com disciplinas heterogêneas, mas para mim foi ótimo”, lembra. “Trabalhei com gente que fez curso de outras áreas ou nem isso e eles se entrosam bem em games, mas não têm uma visão mais ampla do negócio e dos processos.”
A ausência de oportunidades de trabalho em grandes estúdios por aqui provoca uma fuga de jovens talentos, que se mudam para Canadá, Estados Unidos ou países europeus em busca de trabalho no setor.