Entre 5 e 6 de dezembro, Saint Moritz City Race, corrida de esqui organizada nas ruas da cidade suíça, vai lembrar os bons tempos, quando as calçadas cobertas de neve eram utilizadas por patinadores e passeios de trenó. É preciso lembrar que na alta Engadine a circulação de carros só foi autorizada a partir de 1925).

Em atividade o ano inteiro, Saint Moritz é tão jovem quanto há 150 anos, quando lançou para o mundo o turismo de inverno na Suíça. Foi cidade olímpica por duas vezes: em 1928 e 1948.

Para 2017 organiza o Campeonato Mundial de Esqui Alpino pela quinta vez, um recorde. Gerações e gerações de aristocratas deram a Saint Moritz uma marca de classe, que só ela possui. Por lá passaram – e passam – as grandes famílias da indústria e dos negócios, como Heineken, Niarchos, Onassis, Agnelli, Martini, Rossi e tantas outras que fizeram fortuna.

Fotos: Divulgação

Passear de caleche ou trenó, o bom programa de inverno europeu

Os mais fiéis hibernam em suas propriedades resguardadas por pinheiros, protegendo dos olhares curiosos que procuram vislumbrar o estilo de vida dentro das vilas suntuosas decoradas com madeiras esculpidas, construídas no estilo de Engadin.

Os russos sempre foram presença importante. Desta vez, em menor número. Mas são os responsáveis pela lotação dos hotéis-palácios, onde organizam festas ortodoxas de Natal e Réveillon, que acontecem em datas diferentes das do mundo ocidental. Assim, quando uns terminam as festas, outros começam. E os hoteleiros aproveitam.

Os russos também são os clientes que acabam com os estoques das boutiques de luxo como Chanel, Hermès, Vuitton, Cartier, Gucci, Prada e outros estilistas internacionais da moda. O que sempre é bom para todo mundo.


Saint Moritz é tradição, mas surpreende também pela modernidade como o prédio Chesa Futura

Hoje o hotel pioneiro na região pertence à família Niarchos. Agora é um conjunto monumental de três prédios amarelos, com arcos da arquitetura moura. O hotel que em 1864 começou o turismo de inverno, foi também o primeiro estabelecimento da Suíça a oferecer energia elétrica aos seus hóspedes.

Johannes Badurtt conseguiu dominar o riacho ao lado do prédio e assim, na noite de Natal de 1878, quando as velas da imensa sala do restaurante foram apagadas, surgiu a iluminação por eletricidade como surpresa.

Outra idéia luminosa do hoteleiro criativo: a instalação de uma pista de gelo de 1200 metros, Luge, para atravessar da colina de Cresta até Celerina. Cresta Reu existe até hoje, em gelo natural como a pista de bob, mas agora é exclusiva dos 1.300 membros do Cresta Club, fundado em 1885no Kulm.


Berço dos esportes de inverno, Saint Moritz celebra o mítico hotel Kulm

Um clube ultra exclusivo, britânico até na ponta dos patins. Faz uma democrática exceção, admitindo alguns gentlemenestrangeiros. Até os locais são conhecidos como estrangeiros. Há regras, códigos de conduta, modos e língua oficial – a de Shakespeare, of course. Competições são realizadas quatro vezes na semana. E exclusivamente para homens.

Os acessórios utilizados só são encontrados no clube, os chamados luges de skeleton, onde o usuário deita de barriga, cabeça abaixo. Nessa estação de festas de aniversário, o Cresta Club vai, finalmente, abrir sua pista ao público. Mas só no dia 6 de fevereiro.

Para curtir tanta exclusividade, Saint Moritz tem cinco hotéis considerados palácios, onde os bem de vida tomam o chá da tarde ou o aperitivo: o lendário KulmKempinski (ex-Hôtel des Bains), construído na beira do lago em 1864, a dois passos da fonte de água mineral que originou o instituto de atendimento médico vizinho; o Carlton (Swiss Deluxe Hotels), todo branco, foi terminado em 1913, construído por ordem do tzar Nicolau II, que nunca chegou a usá-lo, por causa da guerra; Suvretta House e Badrutt’s Palace, que continuam propriedades das famílias fundadoras. Todos esses 3 hotéis são da Belle Epoque. Os dois últimos têm entre 200 e 300 quartos e suítes, pista de patinação e de curling particulares.


Polo na neve, uma das atrações de inverno em Saint Moritz

O Suvretta House tem até um teleski direto para as pistas de Corviglia e uma escola de esqui que funciona desde 1920, com 200 monitores. O hotel fica no ponto mais elegante de Saint Moritz, tranquilo, discreto e confortável. Quatro gerações de famílias fiéis formam 2/3 da clientela. O mais antigo hóspede, um alemão, é cliente desde 1926.

MOVIMENTADO
O Badrutt’s Palace é o oposto: obra prima de Caspar Badrutt, filho de Johannes, o hotel tem a arquitetura mais chamativa da cidade e ocupa posição central estratégica. Os cinco mil habitantes locais o chamam apenas de Palace. É o rei de Saint Moritz, lugar para ver e ser visto.

Para dar uma idéia do estilo do Palace: 300 mil euros serão gastos apenas na organização do baile de Ano Novo, ponto alto da estação, quando 1.200 pessoas em traje de gala obrigatório, vão assistir à chegada de 2015. Quarenta e cinco pessoas estarão trabalhando para decorar a noite de Saint Sylvestre, depois retirando tudo o que foi usado, para a manhã do dia 1º de janeiro.


No alto de Corvatsch, a imbatível vista para as montanhas geladas

Outro detalhe: 3 Rolls Royce na cor azul marinho, ficam a postos para acolher aos hóspedes na estação ferroviária e no aeroporto de Samedan, onde pousam os jatos particulares dos mais ricos. Destaque: o Rolls Royce mais emblemático e também o mais antigo, proveniente do Kensigton Palace de Londres, foi comprado em 1976 da rainha da Inglaterra.

Chegar ao hotel nesse carro especial é sempre uma honra. O segundo Rolls Royce foi comprado zero quilômetros, há sete anos. Mas é o terceiro que tem a história mais interessante: foi abandonado no hotel por um cliente que não conseguiu pagar a conta.

ESQUIANDO
Quem usa esquis tem à sua disposição 350 km de pista de esqui alpino e 200m de esqui nórdico. Dá para atravessar a cidade de um lado ao outro a partir de Maloja , entre os vales Fex e Rosag. Há meio século, cerca de 12 mil esportistas participaram da Maratona de Engadine.


O mais tradicional hotel de Saint Moritz recebe aos hóspedes com o Rolls Royce que foi da rainha da Inglaterra

PROGRAMAS PRONTOS
Os brasileiros costumam fazer as férias de verão nos lugares mais apropriados: as praias, os rios, as atrações próximas da natureza. Mas há os que aproveitam para viajar para o outro lado do planeta, para curtir neve e frio. Descobrindo os encantos da Europa, por exemplo, onde os Alpes são uma das maiores regiões esquiáveis do mundo. Amantes do esqui alpino e do snowboard se deliciam nas pistas para todos os níveis e tipos de esquiadores.

O bom é esquiar durante o dia, ou passar o dia na piscina aquecida, e depois aproveitar as movimentadas noites dos hotéis de montanha e cidades típicas, junto de lareiras acesas, aproveitando a boa mesa e os bons vinhos locais.

Dá para passar o Natal no roteiro pela Alemanha Romântica, no sul do país, onde o inverno é sinônimo de paisagens cobertas de neve, cidadezinhas medievais e castelos de fadas. Rothenburg ob der Tauber é a síntese de tudo. Mas há ainda no roteiro Heidelberg, a cidade universitária mais antiga da Alemanha, na beira do Neckar. E o lago Titisee, na Floresta Negra.


Ski de fundo, um dos atrativos das estações de inverno na Europa

Em Friburgo, uma parada para ver a torre mais bonita da Cristandade, como dizem seus habitantes. Lago Constança e a ilha de Lindau. Seguindo para o Castelo de Neuschwanstein, mandado construir pelo Rei Louco, Ludwig II. O roteiro segue para Oberammergau, onde o artesanato é atração e a fama se deve ao espetáculo da Paixão de Cristo, que acontece de dez em dez anos. E, para os esportistas, Garmisch Partenkirchen, capital dos esportes de inverno e dos jogos olímpicos, onde está a mais alta montanha da Alemanha, o Zugspitze, com seus 2.962 metros.

Um passeio até a vizinha Áustria leva até Innsbruck, no vale do Inn, no meio dos Alpes. Depois é Munique, com visita ao castelo Linderhof, um dos três castelos construídos pelo rei Ludwig II Baviera. A viagem termina em Frankfurt.

Quem opera roteiros de inverno é a Flot Operadora, que oferece junto com a viagem pela Alemanha, uma extensão à Suíça, a partir de Zurique para Lucerna, Monte Pilatus, Engelberg, Monte Titlis.


À noite, as estações de inverno parecem presépios, como Saint Moritz iluminada

Mercados de Natal é a boa opção da estação, para desfrutar das luzes, cores e aromas de época, uma tradição mágica da Alemanha.

ROTEIROS DE ESQUI
Garmisch Partenkirchen, St. Anton, Zermatt, Montanhas Suíças entram nas programações dos esquiadores. Mas há quem prefira aproveitar o inverno para viagens onde o bem-estar é o alvo. São os pacotes de Wellness , oferecidos após a visita de cidades com vistas panorâmicas alpinas, passeios de trenó, estada no Vale do Stubai, para tratamentos no Spa. Na região também é possível esquiar. Os que procuram novas experiências pode ficar acima das nuvens, junto à fronteira de quatro países, na aldeia iglu de Zugspitze Igloo Village. Além de um cenário magnífico, jantares baseados em fondue de queijo, transporte no trem cremalheira até Garmisch-Partenkirchen e hospedagem no iglu. Há iglus também na Suíça ( Davos-Klosters, Engelberg-Titlis, Gstaad e Zermatt) e na Áustria (Hochötz/Ötztal, Kühtai/Sellraintal, Mayrhofen/Zillertal, Sautens/Ötztal, Wilder Kaiser/Brixental.