FELIPE GUTIERREZ
BUENOS AIRES, ARGENTINA – O governo argentino qualificou a operação da Justiça do país, que investiga uma empresa de Cristina Kirchner, de golpismo do poder judicial.
Na quinta (20), o juiz Claudio Bonadio ordenou uma ação de busca em Buenos Aires no escritório da Hotesur, empresa que controla o hotel Alto Calafate, na cidade de El Calafate, no sul do país.
A família Kirchner é a dona do negócio. Também pediram dados da Hotesur à receita federal e ao órgão responsável pelos registros de sociedades comerciais.
Nesta sexta (21), chefe de gabinete de Cristina, Jorge Capitanich, afirmou em uma entrevista coletiva que a ação da Justiça foi “um ataque impiedoso do poder judicial, uma estratégia de golpismo por denúncias falsas com uma só estratégia: estabelecer uma ação midiática traiçoeiramente articulada e engenhada pela oposição”.
O pedido para que se averiguasse a situação da sociedade comercial partiu de uma deputada da oposição, Margarita Stolbizer. A investigação acontece porque a Hotesur não está com documentos em dia –não teria entregado o balanço de resultados e deixado de informar uma mudança de sede.
O chefe de gabinete disse que as informações que a Justiça quer poderiam ter sido requeridas por ofícios, e que a ação de busca aconteceu “por golpismo”. Acrescentou que os documentos da Hotesur foram enviados, mas que o órgão que controla as sociedades comerciais não regularizou a situação da empresa porque há outros 47 mil processos em análise.
“A verdade é que muitos dos requerimentos judiciais poderiam ter sido feitos por solicitação, não é preciso uma operação de busca. Não se contesta o pedido judicial.”
QUARTOS FANTASMAS
Na quinta (20), a receita federal já havia divulgado um comunicado afirmando que “geralmente esse tipo de informação é pedido pela Justiça por ofício, sendo extraordinário e pouco frequente que esse requerimento seja feito mediante uma ordem de apresentação, como aconteceu nesse caso”.
A deputada responsável pelo início da investigação deu entrevista ao canal de notícias TN e sugeriu que o hotel é usado para lavar dinheiro. Um empresário argentino que é investigado pela Justiça dos EUA, Lázaro Báez, pagou por mais de 900 diárias que ele nunca usou no estabelecimento.