A defesa de Sérgio Cunha Mendes, vice-presidente da construtora Mendes Júnior, solicitou à Justiça Federal a liberdade provisória do seu cliente em troca de compromissos como não doar a partidos políticos e não participar de cartéis em licitações públicas. No requerimento apresentado pelo advogado Marcelo Leonardo Curitiba nesta sexta-feira (21) as medidas cautelares com as quais Mendes se compromete incluem também “não manter contato com quaisquer dos dirigentes investigados” e de “fornecer, por meio da Mendes Júnior, livros e documentos contáveis solicitados pela Polícia Federal”.

“Nós apenas fizemos um pedido para substituir a prisão preventiva por medidas cautelares. Fica a critério da Justiça decidir ou estabelecer outras condições”, disse Leonardo, após visitar seu cliente na carceragem da Polícia Federal em Curitiba, onde estão os 14 presos da sétima fase da operação Lava Jato, além do doleiro Alberto Youssef.

A defesa argumenta que Mendes se apresentou à PF, tem família constituída e está colaborando com as investigações -citou até que o executivo forneceu espontaneamente a senha de um cofre localizado em seu quarto. Na terça-feira, Leonardo relatou que Mendes havia admitido, em depoimento, que a Mendes Jr. pagou uma propina a Youssef, mas alegou que a empresa foi coagida pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. Na solicitação desta sexta-feira, Leonardo incluiu o trecho do depoimento de seu cliente com mais detalhes sobre o pagamento feito ao doleiro, cujo montante exato teria sido de de R$ 8.028 milhões, em transferências entre julho de 2011 e maio de 2012. O dinheiro foi depositado, segundo a transcrição do depoimento de Mendes, a duas empresas de Youssef GFD Investimentos e Empreiteira Rigidez.

Para justificar os pagamentos, foram feitos “contratos simulados tão somente para fazer frente”. Em outro depoimento incluído na petição, o diretor de Óleo e Gás da Mendes Jr., Rogério Cunha de Oliveira, disse que foi apresentado por Costa a Youssef, que tinha o apelido de “primo”. Teria sido numa reunião em maio de 2011 que Youssef se reuniu com Mendes e Oliveira para extorquir dinheiro da empresa. “Primo informou que, sem [o pagamento do] percentual sobre o valor dos serviços prestados, muitos deles há mais de um ano, Paulo Roberto Costa não iria aprovar os pagamentos devidos pela Petrobras a Mende Jr. e não convidaria mais a empresa para participar das próximas obras da Petrobras”, disse Oliveira, no depoimento.