CURITIBA, SP – O juiz federal Sérgio Moro, responsável pela operação que apura fraudes em licitações da Petrobras, prorrogou por mais 30 dias, na noite desta sexta (21), a prisão do lobista Fernando Soares, ao converter sua prisão de temporária para preventiva.
Mais conhecido como Fernando Baiano, ele prestou depoimento à Polícia Federal na tarde desta sexta, na Polícia Federal em Curitiba. O lobista é um dos presos da sétima fase da operação Lava Jato e tem sido apontado como o elo entre as fraudes em licitações e o PMDB.
Uma empresa que tem Baiano como sócio, Petroenge Petróleo e Engenharia, possui contratos de R$ 71,2 milhões com a Petrobras, segundo documentos obtidos pela Folha e revelados na quinta (20).
Ao justificar a prorrogação da prisão, que venceria no domingo, Moro escreveu que “grande parte do esquema criminoso permanece ainda encoberto, sem que se tenha certeza de que todos os responsáveis serão identificados e todo o dinheiro desviado recuperado”.
De apenas cinco dias, a prisão temporária é feita para interrogar o preso e confrontá-lo com as primeiras provas. Com duração de 30 dias prorrogáveis por mais 30, a preventiva é aplicada quando o juiz avalia que o réu pode continuar a praticar crimes, interferir no processo, ameaçar testemunhas ou deixar o país.
Em aparente resposta à declaração recente do advogado de defesa de Baiano, Mario Oliveira Filho, de que não se faz obra pública no Brasil sem “acerto”, o juiz federal escreveu que “o fechar de olhos, com a aceitação do quadro criminoso, como se o crime fosse algo natural e inevitável, não constitui uma escolha aceitável”.
“O álibi ‘todos nós roubamos’ () não é jurídica ou moralmente aceitável e, ademais, sequer é verdadeiro. Por mais que prática criminosa da espécie tenha se espalhado pela falta de resposta institucional adequada, é evidente que não abrange a todos, quer agentes públicos, empresas ou demais indivíduos, e não representa o que pensa a sociedade brasileira”, completou.
Além de Baiano, a carceragem da PF em Curitiba abriga outros 13 presos durante a fase mais recente da Lava Jato, a maioria executivos de empreiteiras. Também está ali, mas separado dos outros, o doleiro Alberto Youssef, que fez um acordo de delação premiada.