SÃO PAULO, SP – Amigos desde a infância, passando juntos por diversas categorias do automobilismo, o britânico Lewis Hamilton, 29, e o alemão Nico Rosberg, 29, começaram a temporada de 2014 da F-1 no que parecia ser o melhor dos mundos: eram companheiros da equipe com o melhor carro, a Mercedes.
No entanto, ao longo da temporada, o bom relacionamento dos dois foi arranhado por sucessivas disputas acirradas, acompanhadas de provocações mútuas e manobras controversas.
Na terceira prova da temporada, o GP do Bahrein, cada um tinha uma vitória até então. Na 18ª volta, depois de intensa disputa, Hamilton ultrapassa Rosberg, alcança a liderança e posteriormente vence a corrida.
A primeira rusga da dupla surgiu após a ultrapassagem. Por rádio, Rosberg reclamou que a manobra de Hamilton teria “passado do limite”.
Duas corridas depois, no GP de Mônaco, em maio, a tensão entre os pilotos ganhou volume.
Durante o treino classificatório, Rosberg fez a melhor volta pouco antes do fim da sessão, e então passou reto na curva, entrando na área de escape. Isso fez com que os fiscais balançassem as bandeiras amarelas e Hamilton, que vinha logo atrás, fosse obrigado a reduzir a velocidade e consequentemente abandonar sua última tentativa de alcançar a pole.
Hamilton deixou subentendido que o companheiro de equipe poderia ter errado de propósito, para levar vantagem.
Largando em primeiro, Rosberg venceu em Monaco, prova conhecida pela dificuldade de executar ultrapassagens.
EX-AMIGO
Entrevistado depois pela rádio BBC, Hamilton diz que consegue contar seus amigos em uma das mãos, e Rosberg não estaria entre esses cinco.
Em julho, no GP da Hungria, mais um capítulo do embate. Por rádio, a Mercedes pede para que Hamilton reduza a velocidade e deixe Rosberg ultrapassá-lo. O britânico se recusa, deixando o alemão irritado. “Ele que aumente a velocidade e me alcance”, replicava o campeão mundial de 2008.
Posteriormente, Hamilton se diz “muito, muito chocado” pela atitude da escuderia.
No mês seguinte, em Spa-Francorchamps, na Bélgica, a rivalidade atinge o ápice. Com Rosberg na pole e Hamilton em segundo no grid de largada, a Mercedes contava com uma “dobradinha” na prova.
Contudo, logo no início da segunda volta, Rosberg atinge o pneu traseiro de Hamilton, acabando com suas chances na corrida. “O Nico acaba de me atingir!”, grita Hamilton, incrédulo, à equipe.
A Mercedes reúne os dois pilotos após a prova para colocar limites na disputa.
A partir daí, a rivalidade permanece dentro de parâmetros razoáveis. Hamilton brilha em Monza (Itália), Japão e Austin (Estados Unidos), executando ultrapassagens audaciosas sobre o alemão nas três provas, que nitidamente sente a pressão, cometendo erros primários.
No Brasil, penúltima prova do ano, Rosberg esboça reação após cinco vitórias consecutivas de Hamilton, emendando a pole position e a vitória.
Na última prova do ano, praticamente não houve disputa: Rosberg conquistou a pole, mas foi superado por Lewis Hamilton antes da primeira curva. Enquanto o britânico liderou a prova até o fim e sagrou-se bicampeão, o alemão teve dificuldades com seu carro e chegou apenas na 14ª colocação.