PAULO PEIXOTO, ENVIADO ESPECIAL
NOVA LIMA, MG – Em contraposição a petistas e ministros da gestão Dilma Rousseff que “bombardeiam” o economista Joaquim Levy, o governador eleito de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), defendeu nesta segunda-feira (24) a indicação dele para ministro da Fazenda.
Mesmo sem entrar no mérito do pensamento econômico de Levy, o economista Pimentel afirmou que se trata de uma pessoa “íntegra e correta”, com condições de ocupar qualquer cargo.
Como “primeiro ponto” dessa questão, disse Pimentel, cabe a Dilma nomear e demitir ministros. Nesse sentido, segundo ele, a presidente terá sempre o seu apoio “integral e irrestrito para qualquer ministro que ela nomear”.
Dito isso, ele defendeu o futuro ministro -cujo nome ainda aguarda ser oficializado.
“O Joaquim Levy é um cidadão, um economista, que já passou pelo governo, é um homem público de trajetória reconhecida, uma pessoa íntegra, correta, eu conheço há muitos anos. Eu não tenho nenhum reparo a fazer à sua pessoa”, disse.
Pouco antes dessa declaração, Pimentel havia dito em palestra para empresários que o país precisa fazer as mudanças conjunturais, como as fiscais, mas sem regredir com os avanços estruturais, como evolução do PIB per capita e desemprego baixo.
Questionado pela reportagem se Levy pode enfrentar essa questão conjuntural sem comprometer os avanços estruturais que listara, Pimentel se esquivou e disse que quem tem que responder essas questões é o governo federal.
“Eu sou governador de Estado eleito e não empossado. Então, cautela nisso aí. Eu só quero dizer isso: qualquer indicação terá o meu apoio, e o economista Joaquim Levy é uma pessoa íntegra, é correta. Ele tem condições pessoais para ocupar qualquer cargo público no Brasil”, concluiu.
Na sua fala para empresários na sede da revista “Viver Brasil”, promotora do encontro, o governador petista, ao falar sobre a necessidade de se manter a questão estrutural do país intacta, defendeu ainda a política de créditos adotada pelo governo, como na aérea da habitação.
Ele se despediu com a seguinte frase: “Se chegamos aonde chegamos, é porque priorizamos o povo brasileiro. Faça o ajuste que fizer. Tem que ser feito? Será feito. [Mas] Não sacrifiquem o emprego e a renda do brasileiro, senão vamos andar para trás, vamos regredir, não vamos avançar”.
Segundo Pimentel, os estrangeiros estão “apostando fortemente na economia brasileira”, porque os dados de estrutura são “excelentes”.
“Todas as agruras que a gente vive no nosso dia a dia de políticos, de administradores, de empresários, são conjunturais”, completou.
CORRUPÇÃO
Em sua fala, o petista tentou injetar ânimo no empresariado. Até quando se referiu às investigações sobre o escândalo da Petrobras, o governador eleito de Minas afirmou se tratar de um “caso grave, importante”, mas que isso será “corrigido e vai nos beneficiar enormemente daqui para a frente”.
Ele colocou o “enfrentamento muito duro da questão da ética no serviço público” no bloco da conjuntura, bem como o compromisso com a recuperação da “confiabilidade, da credibilidade das políticas públicas e das políticas de governo, da política fiscal”.
Ele disse que o Brasil, ao longo da sua história, demonstrou ter “maturidade, capacidade e engenhosidade suficiente” para enfrentar as suas questões conjunturais sem comprometer “grandes conquistas estruturais da nossa economia, como a estabilidade da moeda, expansão do mercado e distribuição de renda”.
E citou também as conquistas “da nossa democracia”, como “a liberdade de imprensa e a autonomia dos órgãos de investigação e do Judiciário”.