Todos os anos, no dia 7 de dezembro, o La Scala de Milano dá início à temporada de óperas, com a disputadíssima Prima, primeira performance de uma ópera que será assistida por dignatários e celebridades convidados especialmente para a data. O dia escolhido é o de Santo Ambrosio, padroeiro da cidade e a presença, ou não, das eminências pardas governantes serve de barômetro para avaliar sua cultura.

A versão 2014 não será diferente, com o conselho da cidade recebendo 800 notáveis, entre os quais ministros italianos, embaixadores de países europeus e americanos, celebridades do cinema e do business internacional, figuras da televisão e da moda e até jogadores de futebol que, em trajes de gala, assistirão à opera (geralmente de Verdi), para depois desfrutarem de um opulento jantar no Palazzo Marino, na Prefeitura, do outro lado do La Scala. Que costuma custar 400 mil euros. Assistir à ópera, para o comum dos mortais, também não é muito barato. Mesmo assim, os 2.030 lugares ficam lotados com muitos meses de antecedência, e um camarote geralmente custa 2.500 euros. Na noite especial de ópera as bilheterias acumulam 2.3 milhões de euros.

Fotos: Divulgação

Está na hora de fazer as malas, para o sol ou para a neve

TEMPLO DA MÚSICA
Fundado em 1776, La Scala é um dos templos mundiais da música lírica, sendo célebre o duelo estabelecido em palco entre as cantoras Maria Callas e Renata Tebaldi, que tinham, cada uma, sua legião de fãs.

No La Scala foram consagrados os gênios compositores como Rossini, Donizetti, Bellini, Puccini e Giusepe Verdi, que estreou no Scala o seu Requiem e a sua Aida. Verdi sempre foi ligado à sala de espetáculos e viu o movimento patriótico que lutava pela unificação da Itália, na segunda metade do século XX, fazer da ópera Nabucco um sucesso estrondoso, elevando a ária Va Pensiero a um hino nacional, que sempre emociona aos italianos.

Dirigido ao longo dos anos por Arturo Toscanini, Claudio Abbado e Ricardo Muti, o teatro é orgulho de toda a nação. O turista que tiver sorte de conseguir um ingresso para os grandes espetáculos, Biffi Scala, no luxuoso Don Carlos, que fica no Grand Hotel, onde viveu e morreu Verdi. Outra opção é o Trussardi ala Scala, reaberto na Concept Store Trussardi.


Mesmo quem não esquia, pode curtir a neve das estações de inverno

DRAMAS DENTRO E FORA DO PALCO
Em geral o espetáculo grandioso da ópera inicia sempre com um drama digno de outra ópera: os empregados do La Scala, incluindo a orquestra, sempre ameaçam uma greve por melhores salários. Na véspera do evento, o diretor do teatro anuncia que o tenor no papel principal será substituído por um norte americano, já que quando um cantor não está na sua melhor forma, tem que ser substituído.

Mas quem vai até Milão e não consegue entradas para a performance especial, ainda terá mais de 60 opções de teatros, para todos os gostos e todos os orçamentos. No Teatro San Babila e Teatro Manzoni são levadas comédias, enquando no Datch Forum acontece um espetáculo de patinação no gelo, Shakespeare pode ser a atração do Teatro Litta e o musical do momento esteja em cartaz no Teatro Ventaglio Smeraldo. O Teatro Ciak pode estar levando a ópera bíblica de Verdi, Nabucco, com preços bem acessíveis. Tipo algo em torno de 30 euros, enquanto o mesmo espetáculo no La Scala custará 250 euros.


Tradição e requinte, coisas boas das estações de inverno na Suíça

TRADICIONAL E MODERNO
La Scala de Milano foi restaurado entre 2002 e 2004, remodelado e modernizado em suas instalações, com supervisão do famoso arquiteto Mario Botta, que levantou o teto atrás do palco, para ganhar espaço para mais três andares, adicionou uma abóboda cilíndrica para permitir novos camarins, uma cantina e uma sala de ensaios. O ponto mais importante foi a modernização do palco. As antigas máquinas necessitavam o trabalho de pelo menos doze pessoas. Agora, bastam três para movimentar os cenários.

Durante os trabalhos de reformas, o público de óperas frequentou o Teatro Arcimboli, que foi construído especialmente para acomodar os espetáculos do La Scala. Arcimboli ficou popular desde que recebeu atores na peça Zelig, nome de um cabaré de Milão na Viale Monza, onde muitos atores italianos encontraram o caminho da fama.

Zelig do Arcimboldi virou show de televisão, que atraiu mais de 10 milhões de espectadores a cada temporada de apresentação semanal, transformando o Arcimboldi no teatro mais conhecido da Itália. Também foi o teatro com recorde de bilheteria, quando da apresentação de Cats. Um sucesso seguido do musical La Notre Dame de Paris e o show Mamma Mia.

O amor pelo teatro dos milaneses é tradição desde 1598, quando uma primeira apresentação foi feita para entreter aos nobres no teatro construído como parte do Palazzo Reale, que fica na quadra da Catedral de Milão. A primeira ópera apresentada no local foi Orpheus, em 1599.

Surgiu depois um novo teatro, Teatro Regio Ducale, que pegou fogo em 1708, 1717 e outra vez em 1776. Foi quando o arquiduque Ferdinand da Áustria, que governava Milão, decidiu retirar o teatro da sua residência e encomendou a construção do La Scala, onde permanece até hoje. O nome deriva da igreja Santa Maria della Scala, do século 14, que foi demolida para dar espaço ao novo teatro.


Quem frequenta o Scala de Milão tem direito a usufruir da tradição do Grand Hotel et de Milan que, desde 1863 foi o preferido de Verdi, cujo retrato ocupa uma parede do hotel de elegância renascentista

ONTEM E HOJE
La Scala levou dois anos para ficar pronto. Custou 1.4 milhões de liras, na época em que um trabalhador ganhava uma lira ao dia de muita labuta. Nos dias de hoje, a soma ficaria em torno de 55 milhões de euros. Mais ou menos o que foi necessário para fazer a reforma do teatro em 2002.

La Scala foi inaugurado com o drama de Antonio Salieri, Europa Riconosciuta, em 1778, e o novo Scala foi reaberto em 2004 com a mesma ópera, que nunca mais tinha sido apresentada no La Scala desde sua primeira performance. Logo no início da reabertura, foram apresentadas pela primeira vez no mundo mais de 30 grandes óperas, incluindo sete de Verdi, três de Puccini e três de Gioacchino Rossini.

Há outros teatros de época na cidade, como o Piccolo Teatro de Milano, que surgiu em 1947, o primeiro lançado pelo Prefeitura para reavivar a vida cultural logo após o fim da Segunda Guerra Mundial, quando o La Scala foi bombardeado pelos aliados. O Piccolo levou clássicos italianos e europeus durante décadas. Foi renovado em 1998 e um seus fundadores, Giorgio Strehler, morreu meses antes da reabertura. O teatro passou então a ser chamado Strehler e abriu duas filiais: Teatro Studio e Teatro Grassi.

Na onda dos grandes musicais de Londres e Nova York, Milão também abriu as portas para os custosos espetáculos, levando o desafio para o Teatro Ventaglio Smeraldo, com o hit internacional Evita, A Chorus Line, Jesus Christ Superstar e Phanton of the Opera, sempre em inglês.

Outros espetáculos grandiosos seguiram, com o Arcimboldi acomodando 2400 espectadores, o Allianz Teatro (2003) especialmente projetado para receber musicais, com 1.730 lugares e todos os acessórios high-tech, para apresentar Singing in the Rain, Cabaret e Grease.

Enquanto isso, La Scala com os novos espaços e novas tecnologias, passou de 80 para 120 performances ao ano. Com espetáculos de ballet clássico ou moderno, concertos e, claro, óperas. Sempre com um toque de classe, tradição e muita beleza, em torno de celebridades no palco e na plateia.


Happy Hour é uma instituição e o Martini ou o Campari soda, uma tradição dos milaneses

FÉRIAS DE VERÃO COM ESPORTES DE INVERNO
Férias da temporada são chamadas de férias de verão. Sol, praia, acampamentos, resorts all inclusive, Nordeste para os sulistas, Sul e Sudeste para os do Norte. Mas não são poucos os que começam a tirar dos armários os agasalhos cheirando a naftalina, os sapatos de grossos solados de borracha, as botas forradas e impermeáveis.

São os que não trocam flocos de neve por sol nenhum deste mundo. Alguns estão indo pela primeira vez para uma estação de esportes de inverno. É bom ficar sabendo, desde logo, algumas coisas importantes. Melhor do que aprender na marra, sofrendo com problemas que nem precisariam existir.

Cuidado com os boletins do telefone ski, que sempre reportam condições excelentes, mas não dizem nada sobre esquiar. Para eles, qualquer melhora no clima já é o bastante para notícias eufóricas. Fique mais ligado na televisão e no radio, que dão hora e data sobre as notícias. Aqueles que falam sobre os últimos 17 dias, acumulando neve e bom tempo, podem não valer nada, se na véspera choveu. Fique atento.


Galeria famosa, coração de Milão, liga a Catedral ao Scala de Milano com lojas, restaurantes e bares

– Não aposte no clima. Procure dados confiáveis. Não há artificial com a neve. Ela será apenas densa, e mais resistente às mudanças climáticas.

– Se estiver procurando acomodação mais acessível, procure pelos condomínios. O preço das diárias cai bastante e será sempre uma atração, principalmente para quem viaja com a família e crianças. O dinheiro economizado com comida vai ser bem interessante.

– Quando for fazer as primeiras lições, desista de começar com os esquis menores, fáceis de manobrar. Quando for utilizar os esquis longos, terá que aprender tudo novamente.

– Não use um único agasalho, daqueles grossos e pesados. Prefira usar camadas de roupas, que aquecem melhor. E, quando as temperaturas subirem – ou baixaram – será fácil tirar umas peças, ou vestir outras. Polypropylene e nylon garantem o corpo seco, longe da umidade. Polypropylene e lã deixam o corpo seco e aquecido.

– Não perca as vantagens de uma estação de inverno, só porque não vai esquiar. Curtir o conforto de um bom hotel, jantar à luz de velas em frente à lareira acesa, beber vinhos de boas safras, tudo é conforto. Se for em uma cidade maior, escolha um hotel de luxo, faça os brunchs com champagne e salmão defumado, vá ao teatro e shows, e não esqueça que os locais de turismo do frio, costumam ter boutiques da moda e grandes outlets, com preços imbatíveis.

– Primera providência, em termos de roupas e acessórios: gorros para aquecer a cabeça, luvas para manter as mãos úteis o tempo todo, cachecóis, garantem o raciocínio e a atividade. Porque a cabeça gelada, as mãos duras de frio e que não respondem ao comando, e o peito aberto ao vento, serão a porta aberta para problemas que costumam estragar as férias. São pequenos cuidados e muito bom senso, para bons resultados.