SÃO PAULO, SP – Os alunos de ensino médio da Coreia do Norte terão uma disciplina obrigatória, que somará 81 horas ao longo do ano letivo, para estudar a vida e a obra do jovem líder Kim Jong-un, informou nesta terça-feira (25) a emissora sul-coreana KBS.
Os adolescentes norte-coreanos já têm uma disciplina de 160 horas para estudar a vida e obra do fundador do país, Kim Il-sung, e outra de 148 horas que aborda a vida do ditador Kim Jong-il, respectivamente o avô e o pai do atual “líder supremo”.
A nova disciplina faz parte dos esforços para consolidar o que a Coreia do Norte chama de poder “monolítico” em torno de Kim Jong-un, pouco antes do terceiro aniversário de sua chegada ao poder, em dezembro de 2011.
DIREITOS HUMANOS
Para demonstrar apoio ao líder norte-coreano, milhares de pessoas participaram na terça (25) em Pyongyang de uma manifestação contra a resolução da ONU que condenou a violação de direitos humanos no país. O protesto foi convocado pelo governo e expressa a posição oficial do país.
A resolução aprovada na Assembleia-Geral das Nações Unidas há uma semana, com o apoio do Brasil, abriu a possibilidade de membros do governo coreano, incluindo Kim Jong-un, serem indiciados por crimes contra a humanidade no Tribunal Penal Internacional (TPI).
O assunto será votado no Conselho de Segurança da ONU, onde deve ser vetado por China e Rússia, que já se mostraram contrárias à medida.
A Coreia do Norte considerou a resolução da ONU uma orquestração dos EUA contra o país, e o líder norte-coreano reagiu com uma visita a um museu dedicado às atrocidades de guerra cometidas pelos Estados Unidos no país durante uma ocupação feita em 1950, na região de Sinchon.
Durante a visita ao museu, Kim Jong-un chamou os norte-americanos de “assassinos canibais”.
“IMPERIALISTAS”
O jornal oficial do Partido dos Trabalhadores, “Rodong Sinmun”, que é um dos pilares do Estado totalitário ao lado do Exército Popular, divulgou uma imagem de Kim Jong-un no museu em que se lia ao fundo: “Os imperialistas dos EUA massacraram 35.383 pessoas”.
Apesar do extremo culto à personalidade dos líderes no país, os próprios norte-coreanos desconhecem dados básicos sobre o atual dirigente, como, por exemplo, onde vive ou se tem filhos ou não.
Até mesmo sua idade é um segredo, embora especialistas calculem que ele tenha nascido em 1983.
Por enquanto, não se sabe o que a nova matéria a ser incluída nos três anos do ensino médio sobre Kim Jong-un dirá sobre a condenação da ONU aos direitos humanos no país.