A Prefeitura inicia nesta semana uma nova operação de desratização e serviços especiais de limpeza nas praças da área central da cidade. O serviço, destinado a controlar a população de roedores, é feito o ano inteiro, sempre na última semana de cada mês, nas praças Tiradentes, Osório, Santos Andrade, Generoso Marques, Japão e Zacharias. Todos esses locais são, também, lavados uma vez por mês.

Os cuidados são redobrados nas praças que sediam as tradicionais feiras especiais de Natal e outras que comercializam alimentos durante o ano. Todas elas são lavadas antes da instalação das barracas e depois de encerrado cada evento. Além disso, os feirantes passam por triagem e são instruídos sobre as normas para manuseio adequado de alimentos, acondicionamento, transporte, temperatura e descarte corretos. O trabalho é fiscalizado pela Vigilância Sanitária.

A região central da cidade também recebe diariamente serviços de varrição e remoção de resíduos das lixeiras, coleta de lixo orgânico e coleta de lixo reciclável. Essas medidas têm como objetivo não só conservar a limpeza, mas, principalmente, cuidar da saúde da população e minimizar os riscos de doenças como a leptospirose.

Mas nenhum cuidado é suficiente se a população que usa esses espaços não fizer a sua parte, adotando os procedimentos adequados na hora de descartar o lixo, alerta Eliane Train, gerente de limpeza da Secretaria Municipal do Meio Ambiente. Ela lembra que, além de contribuir para aumentar a presença de animais, que podem transmitir doenças, o descarte irregular do lixo nas ruas e praças contribui para entupir bueiros e causar alagamentos em épocas de chuvas fortes.

Segundo estimativas da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, chega a 1,5 tonelada, em média, o volume de lixo coletado diariamente pelos garis que varrem o centro da cidade, limpam as lixeiras e recolhem o material jogado nos espaços públicos.

Leptospirose

Durante todo ano o descarte irregular de restos de alimentos nas áreas públicas da cidade é a principal causa da presença de ratos, insetos e pombos. No calor, o problema aumenta e os riscos à saúde, também. Com as altas temperaturas, alguns desses animais se reproduzem mais rapidamente e buscam locais mais arejados. A situação se agrava com a chegada das chuvas, pois as águas alagam os abrigos e os insetos e roedores procuram lugares secos.

O maior perigo para a saúde humana vem das ratazanas, pelo risco de transmissão da leptospirose e, por isso, a Prefeitura mantém um programa permanente de controle de tocas. Curitiba está entre os Municípios Prioritários de Combate da Leptospirose, indicados pelo Ministério da Saúde, ao lado do Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Recife e Belém do Pará. Esses municípios mantêm encontros anuais para estudar e adotar alternativas que permitam minimizar os índices de casos da doença.

Em 2013, Curitiba registrou 114 casos confirmados de leptospirose, com 13 óbitos e índice de letalidade de cerca de 13%. Neste ano, foram registrados, até agora, 76 casos, com seis óbitos, correspondendo a uma taxa de letalidade de 7,9%.

A leptospirose é transmitida quando há contato com urina do rato e a doença começa a apresentar os primeiros sintomas em cerca de 30 dias. Febre, dores musculares, principalmente nas pernas e panturrilha, são os principais sintomas. A desratização é a principal medida para combater a ratazana e prevenir a leptospirose, porém não é suficiente, se não acontecer em conjunto com medidas adequadas de tratamento do lixo.

Há décadas, Curitiba adota cuidados especiais nessa área. Além dos serviços das coletas diferenciadas de lixo orgânico e reciclável, que atendem 100% dos bairros da cidade, a cidade também dispõe dos serviços de coleta de lixo tóxico, vegetal e de entulhos, e programas como o Câmbio Verde, que troca alimentos por sacos de lixo coletados pelos moradores das áreas onde os caminhões da coleta não têm acesso. A Prefeitura também desenvolve um trabalho educativo nas escolas públicas, condomínios e áreas de ocupação irregular.

Prevenção

A prevenção ainda é a melhor maneira de evitar a proliferação de roedores e o contágio por doenças. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, a Gerência de Controle de Zoonoses atua com medidas permanentes de prevenção. Para manter a população de Curitiba a salvo de doenças e contaminações, os profissionais do Centro de Controle de Zoonoses da Secretaria Municipal de Saúde fazem ações educativas e preventivas em escolas, associações de moradores e também atuam em programas desenvolvidos por outros setores da Prefeitura, aproveitado todas as oportunidades para levar informações à população.

O biólogo Diogo da Cunha Ferraz, da coordenação de controle de Zoonoses da Secretaria Municipal da Saúde, responsável pelo serviço de controle de roedores, explica que, para sobreviver, os ratos, assim como insetos e pombos, precisam de água, alimento, acesso e abrigo. Ferraz esclarece que com medidas simples, que devem se transformar em hábitos, é possível evitar a proliferação ou aproximação desses animais.

 Entre os fatores que contribuem para a infestação, ele cita o acúmulo de entulhos em quintais ou locais que possam servir de abrigos, como garagens, porões, sótãos, telhados e depósitos, a vegetação alta, lixo jogado em terrenos baldios ou espaços públicos. Outra fator de atração, são a ração e outros alimentos oferecidos aos animais de estimação e que ficam expostos, facilitando o acesso de outros bichos, diz Ferraz.

As principais orientações da Secretaria Municipal da Saúde para evitar a presença de roedores e insetos são: acondicionar corretamente o lixo em sacos plásticos ou em latas com tampas limpas; dispor o lixo na via pública próximo ao horário da coleta; vistoriar periodicamente e conservar limpos os locais onde alimentos são armazenados, manter alimentos acondicionados em recipientes com tampa; não deixar resíduos orgânicos ao ar livre; proteger as caixas d’água, mantendo-as sempre fechadas; evitar o acúmulo de materiais, embalagens e entulhos dentro de casa e também nas áreas próximas; manter a ração dos animais domésticos em locais elevados do chão e afastados das paredes.

A Prefeitura mantém, ainda, um programa permanente de desratização em 114 áreas de risco para a transmissão de leptospirose. São áreas sem saneamento básico, com acúmulo de lixo, sujeitas a enchentes e alagamentos e que já apresentaram casos confirmados de leptospirose.

Também atende solicitações registradas na Central 156, para verificação de infestação de roedores. A avaliação é feita somente em áreas externas às residências e o veneno é aplicado apenas em locais onde é detectada a presença de ratazanas. Para outras espécies que também são comuns e se adaptam facilmente às condições mais adversas, como o rato do telhado e camundongo, são repassadas orientações sobre manejo e controle.

Em todas as ações e campanhas feitas com a participação das equipes do setor de zoonoses, são reforçados os cuidados que devem ser observados no lar, nos locais de trabalho e no uso dos espaços públicos, para evitar a presença de roedores, insetos e pombos. Essas orientações estão repassadas verbalmente e em material educativo impresso, que é entregue à população.Todos os esclarecimentos e orientações para evitar e combater a proliferação de roedores, insetos e pombos estão também no site da Secretaria Municipal da Saúde. Para conhecê-los, basta acessar o endereço do órgão na internet pelo www.saúde.curitiba.pr.gov.br, clicar em Vigilância Ambiental e, depois, em zoonoses e vetores.