GILMAR ALVES JR.
SANTOS, SP – O clima no ônibus que foi alvejado por bandidos na rodovia Anchieta, em Cubatão (a 56 km de São Paulo), na noite de terça-feira (25), era de indignação com a falta de segurança, mais do que de desespero.
O relato é do cartunista e professor universitário Osvaldo DaCosta, 58, um dos 34 passageiros do veículo da Viação Cometa.
O motorista contou aos policiais rodoviários que um carro Astra ultrapassou o ônibus, no km 47, no sentido litoral, e que seus ocupantes dispararam várias vezes contra o coletivo. Ele não parou o ônibus e seguiu viagem até o destino final, no terminal rodoviário de Santos. Não houve feridos.
Segundo DaCosta, os passageiros procuraram se proteger dos disparos, mas não houve gritaria. “Estava todo mundo revoltado”, disse.
“Teve uns que deitaram no chão mesmo, no corredor entre as poltronas. Eu inclinei a poltrona até onde deu, a maioria inclinou também. Um rapaz que estava sozinho [em duas poltronas] se cobriu com uma mochila.”
Em meio à indignação e ao som de disparos, alguns passageiros tentaram telefonar para a Polícia Militar e a Ecovias (concessionária que administra o sistema Anchieta-Imigrantes), segundo DaCosta.
“O ônibus ia acelerando, indo para a direita e para a esquerda. Pensei que iria capotar”, contou o cartunista. Outros passageiros também temiam que ocorresse um acidente, já que o motorista tentava escapar dos tiros com o ônibus em movimento, disse ele.