EDUARDO CUCOLO
BRASÍLIA, DF – Um dos principais responsáveis pela guinada desenvolvimentista na política econômica petista a partir do fim de 2008, o economista carioca Nelson Henrique Barbosa Filho, 45, tem se apresentado recentemente como crítico de excessos cometidos nos últimos anos por ex-colegas de governo.
Em palestras recentes, apresentava medidas para colocar em ordem as contas públicas. Não falava, no entanto, em descontrole, e ponderava que o Orçamento engessado deixava o governo com pouca margem de manobra para cortar gastos.
Tem em comum com o futuro colega Joaquim Levy (Fazenda) a discordância com os métodos do atual secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin. Este último tem sido responsabilizado pelo descontrole das contas públicas na gestão Dilma.
Barbosa ou “Nelsão”, como é conhecido, nunca foi filiado ao PT, mas esteve sempre próximo ao partido.
CARREIRA
Na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), teve como professores economistas identificados com o desenvolvimentismo, como Carlos Lessa e Maria da Conceição Tavares. O próprio se declara keynesiano.
Na década de 1990, foi funcionário concursado do Banco Central e do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). Em 2003, foi trabalhar com Guido Mantega, que havia acabado de assumir o Ministério do Planejamento. Também assessorou o atual ministro quando este comandou o BNDES (banco estatal de desenvolvimento).
No Ministério da Fazenda, já com Mantega, foi alcançando cargos cada vez mais altos: secretário de Acompanhamento Econômico (2007-2008), secretário de Política Econômica (2008-2010) e, no governo Dilma, secretário executivo (2011-13).
O economista se aproximou da presidente Dilma Rousseff ainda no governo Lula, quando teve participação na elaboração do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e do Minha Casa Minha Vida.
Após se tornar o segundo na hierarquia da Fazenda, Barbosa ganhou espaço também dentro do Planalto. Tomava decisões diretamente com a presidente, sem a participação de Mantega. A situação casou desgaste na relação com seu chefe imediato. Havia ainda divergências com Arno Augustin, que também se tornou um dos principais assessores econômicos de Dilma.
SAÍDA DO GOVERNO
Desgastado, deixou o governo em junho de 2013. Desde então, se aproximou bastante do ex-presidente Lula, participando de atividades do instituto mantido pelo petista desde que deixou o poder. Como professor da FGV, adotou uma postura de crítica moderada às ações do governo.
Barbosa fez parte da lista entregue por Lula a Dilma com sugestões de nomes para o substituto de Mantega, ao lado do presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, e do ex-presidente do BC Henrique Meirelles.
Ao sair do governo, passou a fazer consultorias em bancos e gestoras de investimentos. Em suas palestras, dizia que não tinha pretensões de voltar ao governo.
Foi também presidente do conselho do Banco do Brasil (2009-2013) na época em que a instituição liderou a política do governo de combate à crise de 2008, que envolveu, por exemplo, aumento de gastos e ampliação do crédito nos bancos públicos. Participou ainda da tentativa frustrada de reforma tributária do governo Dilma.