Em estudo divulgado nesta semana mostra Curitiba como a quarta melhor Capital brasileira para se abrir um negócio. O Índice de Cidades Emprededoras Brasil 2014, formulado pela Endeavor, pesquisou e avaliou 14 das mais importantes capitais de estados em sete itens, chamados de pilares que influenciam nas condições de abertura de uma empresa e seu sucesso.
Curitiba aparece bem ranqueada em quase todos os itens — ambiente regulatório, infraestrutura, mercado, acessos, inovação, capital humano e cultura —, mas destaca-se especialmente pela sua infraestrutura, com a melhor avaliação entre todas as pesquisadas.
No ranking geral, Florianópolis aparece na frente, com a melhor média depois de avaliados todos os pilares do estudo — 7.53 pontos. A capital catarinense é seguida por São Paulo, que recebeu 7.46 pontos na média final. Vitória, capital do Espírito Santo vem na terceira posição, com 7.16 pontos. Curitiba, a quarta, recebeu 6.96 pontos de média, e está à frente de capitais importantes como Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre e Salvador, e até de Brasília, a quinta colocada.
A boa posição de Curitiba no estudo mostra que a cidade está bem preparada para os empreendedores. Destaque para a infraestrutura da Capital paranaense, a melhor avaliada neste item entre as 14 pesquisadas. Curitiba, segundo o estudo, é um dos maiores exemplos de mobilidade urbana do mundo, com seu sistema integrado de ônibus, implantado há quase 40 anos.
Mas não é só a rede de transporte público que explica seu destaque no determinante de infraestrutura. Na capital paranaense há um nível razoável de segurança, os imóveis têm custos abaixo da média e grande parte da população é conectada à internet.
Além disso, Curitiba tem um aeroporto grande, diversas rodovias ligam a capital com outras cidades do estado — também conectando o Sul e Sudeste brasileiro — e o Porto de Paranaguá, um dos mais movimentados do País, está a menos de 80 quilômetros do centro curitibano.
As empresas que desejam inovar e crescer também encontram boas possibilidades de investimento. Depois de São Paulo, o Governo do Paraná é o que mais investe em Ciência & Tecnologia e os bancos movimentaram quase R$ 1 trilhão (o que é mais de 15 vezes o PIB local). Há também a Fomento Paraná, agência de desenvolvimento local, que financiou quase R$ 700 milhões diretamente para empreendedores da região em 2013.
Por fim, em Curitiba não só a burocracia é menor que a média, mas os impostos também. Já na largada, o empreendedor leva 15 dias a menos que a média das capitais para abrir uma empresa, e o curitibano também sai na frente na hora de obter energia elétrica. Mas a maior vantagem para as empresas paranaenses é encontrada na carga tributária, com uma alíquota efetiva de 4,7%, ainda menor que o estipulado pelo Simples (de 5,2%) – lá, os pequenos empreendedores que faturam até R$ 540 mil anuais têm isenção de ICMS, o mais amplo benefício de isen-ção oferecido por um estado.
Muito que fazer
Porém o estudo da Endeavor mostra que ainda há muito que se avançar para criar um ambiente mais propício para o empreendedorismo nacional. Se três em cada quatro brasileiros preferem empreender, apenas 4% de fato possuem empresas que empregam pessoas.
Um dos grandes motivos para tamanho descompasso é o fato de que empreender no Brasil ainda é tarefa de super-herói, descreve o estudo. A dificuldade começa no processo de abertura da empresa e só aumenta: encontrar clientes, gerir o caixa, pagar impostos, formar uma equipe.
Não é por acaso que apenas 35 mil empresas (1% do total) do País conseguem crescer acima de 20% ao ano por três anos seguidos. Os empreendedores precisam dedicar seus esforços àquilo que é produtivo, mas para isso o ambiente deve oferecer as condições e recursos capazes de transformar sonhos grandes em negócios de alto impacto.
Se atualmente esse 1% de empresas brasileiras gera cerca de 50% dos novos empregos, um ambiente melhor para empreender pode ampilar ainda mais a quantidade e o impacto das empresas de alto crescimento no país.
O desafio de criar um plano local de desenvolvimento de empreendedorismo é gigante, dada a complexidade e interdependência do ambiente brasileiro. Por mais que o Governo Federal pense a nível nacional em iniciativas de fomento ao empreendedorismo, a maioria dos recursos necessários está disponível local ou regionalmente.
Essa realidade trás para o papel de protagonista o formulador de política pública regional e muitas outras instituições como bancos, mídia e universidades. Todos precisam trabalhar em conjunto, não apenas apoiar.
O ponto de partida está em identificar as principais forças e gargalos da região para que o formulador e as organizações de apoio possam agir de forma precisa. Para isso, todos precisam conhecer bem os desafios dos empreendedores e os indicadores que refletem o ambiente empreendedor, assim como entender a relação entre esses indicadores.
Números de Curitiba
Pilar Valor Posição
Infraestrutura 7,63 1º
Acesso/capital 6,69 3º
Ambiente 6,55 5º
Inovação 6,32 5º
Mercado 5,99 7º
Capital humano 6,03 9º
Cultura 5,56 10º
Média 6,96 4º
Mercado
Para quem vender
Curitiba tem, segundo a pesquisa, mercado para o empreendedor. Embora esteja em uma colocação intermediária no ranking neste pilar, Curitiba tem boa renda percapita — R$ 1.725,30 — acima da média nacional, e um PIB acima dos R$ 58 bilhões
Mas o crescimento do seu PIB nos últimos três anos ficou pouco acima dos 2,6%, perdendo espaço para as capitais nordestinas, que têm crescido a uma margem acima dos 5% — com exceção de Salvador, que cresceu menos que Curitiba no período
Porém, pesa contra o fato dos governos municipal e estadual investirem 30% menos que a média das 14 capitais e as empresas
locais também são 15% menores que a média