Os empresários do transporte vão encerrar 2014 com mais pessimismo sobre a economia. Se no início do ano nós já estávamos cautelosos, agora estamos ainda mais. É o que mostrou o resultado da Sondagem de Expectativas Econômicas do Transportador 2014. O levantamento da CNT (Confederação Nacional do Transporte) indica que somente 25,8% dos empresários esperam aumento na receita bruta e 29,4%, aguardam um aumento no número de viagens ainda em 2014. Em março, esses índices eram 43,2% e 39,3%, respectivamente. Também reduziu a perspectiva de aumento de contratações formais, de 33,3% para 18,2%.
Esperávamos mais deste ano. Por diversos motivos, achávamos que a economia ia melhorar. Copa do Mundo, eleições, promessas e mais promessas, e diversas propostas. O que ganhamos foi uma enxurrada de informações sobre corrupções, desvio de dinheiro público, impostos e mais impostos, aumento de contas, cargas tributárias superelevadas e quase nada de incentivo.
A pesquisa da CNT também revelou que, neste fim de ano, 72,8% dos transportadores não pretendem adquirir mais veículos, embarcações ou material rodante. Esse percentual elevado pode estar relacionado ao fato de que, para 61,6%, a taxa de juros aumentará em 2014, o que significa elevação do custo do financiamento. Ao longo do primeiro semestre deste ano, 45,6% dos entrevistados afirmaram ter feito compras de veículos, mas apenas 26,5% declararam ter a intenção de ampliar a frota no segundo semestre.
Nós também esperamos, para 2015, inflação nos insumos. Para o diesel, 79,6% acreditam que irá aumentar, segundo o estudo feito. Em relação a óleo lubrificante, 81,1% preveem elevação dos preços. 68,8% esperam mais gastos com pneus. No caso do transporte marítimo, 28,0% acreditam em aumento das taxas portuárias e 24,0% em aumento na praticagem. Quem vai pagar essa conta? Infelizmente, os empresários acabam aumentando o custo final do frete, além de reduzir seu próprio lucro, pois não podemos repassar todo o aumento ao consumidor, já que o valor final ficaria impraticável.
Então, fica a pergunta: o que podemos esperar do próximo ano? Sem sombra de dúvida, medidas emergenciais devem ser tomadas. Como prioridade vejo que devemos ter redução da carga tributária e melhorias na qualidade das rodovias. O transportador está pessimista com o futuro econômico do país. Não acreditamos no aumento do PIB e na solução para a infraestrutura do transporte nos próximos anos. Temos encontrado muitas dificuldades na contratação de mão de obra qualificada, entre outros problemas. Há também expectativa de aumento da inflação e dos custos dos insumos da atividade. Ou seja, ou algo é feito, ou todos vamos sofrer as consequências.

Gilberto Cantú é Presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas do Paraná (Setcepar)