Em 1991 estive no Rio de Janeiro para um campeonato de natação e encontrei um amigo que também era nadador. Conversamos sobre diversos assuntos, principalmente sobre trabalho e o quanto era difícil conciliá-lo com vida pessoal, lazer, família e tudo que envolve nosso dia-a-dia, sem gerar stress e mantendo a qualidade de vida.
Ele disse naquela época que as pessoas tinham três fases na vida:
A 1ª era antes de ter algum emprego ou trabalho, ou seja, quando nos dedicamos ao estudo. Nessa fase, teríamos tempo e vontade, mas não teríamos dinheiro;
A 2ª seria a fase do trabalho, com um emprego ou negócio próprio. Agora teríamos dinheiro e vontade, mas não teríamos tempo;
Na 3ª e última, seria a da aposentadoria. Quando teríamos tempo, talvez dinheiro, mas já não teríamos a vontade.

Realmente isto era verdade. Quando olhamos para trás, vemos como os nossos pais ou avós chegavam aos 40 anos sonhando com a aposentadoria. Esses jovens aposentados queriam pendurar as chuteiras e simplesmente esperar o tempo passar. Entretanto, essa aposentadoria precoce gerou muitas frustrações, pois não trouxe a liberdade financeira esperada, obrigando o retorno ao mercado de trabalho, e aqueles que passaram a viver somente da aposentadoria, enfrentaram a ociosidade, muitas vezes a depressão e uma sensação de não ter aproveitado a vida, assim como gostariam e poderiam ter feito, achando que já não era mais hora.
Depois de 15 anos, posso dizer com muita segurança que esse modelo está ultrapassado. Houve uma grande mudança de postura em relação ao envelhecimento e a aposentadoria. Claro que temos vários fatores que contribuíram para isso, como: aumento da expectativa de vida, aumento da idade mínima para a aposentadoria, diminuição do número de filhos.

Hoje nosso modelo de vida está cada vez mais voltado para se manter a qualidade, tanto na área profissional quanto na pessoal. Cada vez mais as pessoas estão tentando envelhecer com saúde e fazendo do trabalho, uma parte do seu dia, e não a sua única razão de viver. Conciliando o trabalho com o lazer. Quantos de nós vamos à academia, spas urbanos, ou centros de bem-estar antes ou depois do trabalho? Tantos outros se dedicam após o trabalho a dezenas de outras atividades, como um curso de língua, uma especialização, serviço voluntário, ou qualquer outra atividade que gere prazer e que na maioria das vezes não tem nada a ver com a profissão.
Não é a toa que dizem que o mercado de produtos para saúde e bem estar, será em um futuro próximo de mais de 1 trilhão de dólares.
Aquele modelo do meu amigo e que serviu por muito tempo, agora está dividido em duas fases:
A 1ª é a da preparação e continua praticamente igual.
A 2ª e a 3ª se fundiram, ou seja, vai do trabalho até a aposentadoria. Nesse momento apesar de garantida e merecida a aposentadoria, a grande maioria já se dedica a alguma outra atividade. Queremos continuar ativos. Não é a idade cronológica que determinará a nossa capacidade e sim a saúde e a vontade de viver.
Não queremos simplesmente viver mais, queremos também um envelhecimento sadio e produtivo.

Um grande abraço e boa semana.

Desmar Milléo Junior, Autor do Livro: APENAS BOAS INTENÇÕES NÃO BASTAM, Palestrante nas áreas motivacional, comportamental e vendas.  Site: www.milleo.com.br