As instituições de nossa democracia juvenil amadureceram a saltos imensos nos últimos períodos (saímos ontem da ditadura). Em todos os setores e extratos sociais e intelectuais, verteram manifestações e movimentos que de forma ou outra impulsionaram se não uma revolução, no mínimo um questionamento generalizado. E este, o motor primeiro de toda transformação: questionar.

A transparência antes algo etéreo e que não era mais do que decoração dos discursos de posse da classe política, hoje é exercida em portais públicos, com cargos e salários franqueados, com informações prestadas em audiências públicas e toda uma sorte de prestação de contas que nada mais são, do que a boa e velha satisfação ao dono do poder: o povo!

Desde sempre todo cientista político se depara com o senso fático de que todos moram no município! Verdade verdadeira! Ainda que façamos parte de um estado da federação e dela própria, a minha casa e a tua ficam em um município! E portanto, se políticas fiscais e de mecânica estrutural são ditadas e operadas pelos estados e pela federação, certo é que o efeito mais sensível ocorre nos municípios! Onde ficam fisicamente os postos de saúde, escolas, postos policiais, etc.

E do município surgem as necessidades mais concretas da população. Justamente através do aprimoramento dessas estruturas sociais objetivas (saúde, educação, segurança). Sem ingressar no mérito legal e da esfera administrativa competente para a gestão, mas a realidade é que o cidadão é atendido no posto X da Rua Y, que fica onde? No município Z!

E esse sentimento pelo novo, pelo novo jeito de tratar o poder, nova forma de se manifestar, novos meios de reclamar seus direitos e pleitear seu melhor viver, eclode em um instituto moderno (ainda que não novo), de um órgão chamado Ouvidoria!
A Lei que criou a Ouvidoria de Curitiba é extremamente moderna do ponto de vista legislativo e reflete os conceitos mais dinâmicos da administração pública por todo o mundo: o municipalismo! Se todo mundo vive no município, a engrenagem que deve ser aprimorada para melhorar efetivamente a vida da população é aquela com a qual ele se relaciona: sua cidade!

E caminhando onde sopram esses ventos novos da transparência e da modernização da administração, a Ouvidoria aparece muito mais do que um simples reclame aqui. É também um canal de manifestação (repetindo a vontade atual de expressão), mas também se pretende um órgão pró ativo! Com missão de iniciativa! De fiscalizar, questionar, indagar, analisar e investigar gastos públicos. Tudo o que representa o anseio moderno pela administração, pode se concretizar no bom desempenho da Ouvidoria de Curitiba.
Curitiba uma vez mais, pode estar fazendo história! Criando um órgão fiscalizador, técnico e ao meso tempo com diálogo político entre a população, o executivo e o legislativo! Um bom Ouvidor pode significar avaliação criteriosa de gastos e viabilização ágil de bons projetos! Ética, transparência e acesso por todos e para todos!
Curitiba pioneira na democracia!

Marcello Lombardi é advogado, professor universitário, escritor e palestrante