Saber o que fazer na hora de escolher um curso de pós-graduação e aprender a ficar atento a sinais que indicam que o caminho escolhido não foi o ideal é fundamental para não perder o rumo na carreira. Fim de ano é hora de pensar nisso: nos planos para o ano que vem, em novos rumos e no futuro.

Tão importante quanto a escolha do curso de graduação é a definição sobre qual pós realizar. Afinal, uma decisão equivocada nesta etapa da formação profissional pode interferir negativamente na qualidade e coerência do currículo e na carreira de um profissional.

Daniella Forster, coordenadora do PUC Talentos, afirma que para acertar na escolha o futuro aluno de pós-graduação deve refletir primeiramente sobre seu objetivo de carreira, onde pretende chegar e o que lhe falta para alcançar a sua meta. Com essa análise amadurecida, o próximo passo é estudar as ofertas de cursos e as disciplinas e conhecimentos que serão ofertados, entendendo se os mesmos serão realmente complementares em relação aos gaps e objetivos identificados, destaca Daniella. Ela aconselha ainda que os profissionais interessados em cursar uma pós-graduação conversem com pessoas que possam dar referências sobre o curso e os professores, para evitar surpresas desnecessárias ao longo do caminho.

Se você está cursando uma pós-graduação, mas ainda não tem certeza se é o curso certo para você, Daniela aponta os sinais de alerta. Você pode identificar que foi uma escolha errada a partir do momento em que tem a nítida percepção de que não está adquirindo conhecimentos que gerem benefícios em sua vida profissional e que o curso não esteja agregando nada, nem crescimento nem motivação para buscar novos desafios. Outra percepção comum é o total desalinhamento entre o objetivo profissional e o que a pós escolhida está oferecendo, explica.

Para a coordenadora do PUC Talentos, um exemplo de que o curso de especialização escolhido foi equivocado é quando a pessoa usa a pós para redirecionar a sua carreira, mas faz isso a partir de análises superficiais, sem entender o seu próprio perfil e as exigências do mercado. Como consequência, o profissional se arrepende da escolha realizada, pois não vê de que forma ela se concretizará após o término do curso, afirma.

Já um exemplo da escolha acertada é a pessoa que busca uma pós-graduação que lhe ofereça os conhecimentos que podem ser aplicados em seu dia a dia de trabalho. Facilmente seus colegas e líderes perceberão a mudança e o desenvolvimento obtido, o que acarreta em uma promoção, incremento de autonomia, responsabilidade e outros benefícios relacionados, conclui.

Todos os interessados em curso de especialização em nível de pós-graduação devem pesquisar as instituições de ensino superior credenciadas da sua região. Existe um portal que oferece informações sobre as instituições de educação superior credenciadas e os cursos superiores autorizados: http://emec.mec.gov.br. As instituições de ensino superior credenciadas que constam desse cadastro podem também oferecer cursos de especialização para os já graduados, sem prévia autorização nem posterior reconhecimento, nas áreas em que atuam no ensino de graduação.


LATO OU STRICTO SENSU?

Pós-graduações “lato sensu”
Têm uma menor duração e tendem a ser menos exigentes que os mestrados e doutorado. Além disso, elas não precisam ter uma autorização prévia do MEC. A instituição que já oferece cursos de graduação, e é autorizada pelo ministério a funcionar, não precisa pedir permissão ao MEC para criar novos cursos. Sendo assim, eles tendem a ser mais flexíveis, conseguindo atender necessidades mais específicas do mercado de trabalho, por exemplo.

Pós-graduações “stricto sensu”
Elas precisam de autorização do governo para funcionar. Cabe à Capes realizar a recomendação do curso para que ele possa funcionar. É durante a avaliação realizada por essa agência que são atribuídas as notas para cada um dos programas de pós-graduação (“stricto sensu”) existentes no país. Essa pontuação, que se torna pública e pode ser consultada na internet, atesta o nível de qualidade do curso, tornando-se mais fácil a escolha do candidato.


ENTENDA CADA UMA DELAS

ESPECIALIZAÇÃO
De forma mais ampla, todo curso que é realizado após o ensino superior é chamado de curso de pós-graduação. Contudo, no país, o termo abreviado “pós” foi comumente associado a cursos de especialização. Essa modalidade de pós-graduação é vista por muitos candidatos como uma oportunidade de mudar de área. É comum os cursos de especialização estarem abertos a graduados de qualquer área de conhecimento. De acordo com o MEC, normalmente, a “pós” é um curso que tem o objetivo técnico ou profissional mais específico, sem abranger totalmente uma área de conhecimento. No entanto, ele precisa seguir algumas regras mínimas. Caso contrário, ele será considerado um simples curso livre. O requisito mínimo exigido é que o candidato tenha diploma de curso superior. Pela falta de fiscalização e controle na criação dos cursos de especialização pelo MEC, não existe um sistema oficial disponibilizando uma relação completa desses cursos. Assim, a melhor forma de escolher a pós é analisando algumas informações que podem melhor indicar o nível de qualidade da instituição.

MBA
O MBA (da sigla em inglês, Master Business Administration) não é um curso de mestrado, como o nome sugere. Junto com a especialização, ele é um curso “lato sensu”. Sendo assim, muitas de suas características são comuns com a “pós”. De acordo com o próprio MEC, os MBA´s “nada mais são do que cursos de especialização em nível de pós-graduação na área de Administração”. Muitos dos cursos oferecidos são voltados para o campo dos negócios e da gestão. No entanto, é possível encontrar MBA´s de outras áreas, como comunicação e saúde. Independente do segmento do MBA, o curso em si é visto como uma oportunidade de realização e troca de contatos profissionais. Para fomentar esse networking é comum algumas instituições exigirem que o candidato tenha tido experiências de trabalho já consolidadas. O diploma da graduação também é obrigatório.

MESTRADO
Para funcionar, os cursos “stricto sensu” como os mestrados precisam ser recomendados pela Capes e reconhecidos pelo MEC. É essa agência do Ministério da Educação que avalia o curso e atesta sua qualidade. As notas vão de 1 a 7 (nota máxima). Os cursos precisam ter, ao menos, a nota 3. Aqueles que possuem nota 5 já são considerados com “elevado padrão de qualidade”. Mas, para ter essa nota, é preciso que tenham cursos de doutorado, além do mestrado. O máximo possível é a nota 7, que significa que o curso tem um “desempenho claramente destacado”, afirma a Capes.

MESTRADO PROFISSIONAL
É uma modalidade mais recente de cursos “stricto sensu”. O mestrado profissional foi regulamentado em 2009. Sua principal diferença em relação ao mestrado (acadêmico) é o seu enfoque voltado à qualificação profissional do candidato. Além disso, o candidato tem mais opções de realização do trabalho final de conclusão.

DOUTORADO
Além dos mestrados, o doutorado é outra modalidade de cursos “stricto sensu”. Sendo assim, os normativos são semelhantes. No país, são quase 2 mil cursos voltados para a formação de doutor. Uma quantidade bem mais baixa que a de mestrados acadêmicos, mas superior a de mestrados profissionais. Saiba mais sobre os números: Uma das principais diferenças entre o mestrado e o doutorado está no nível de exigência que é solicitado aos candidatos selecionados no doutorado. Para ser professor de uma universidade pública, por exemplo, é preciso ter o doutorado. Já depois dessa titulação, o candidato que finaliza o curso de doutorado ainda pode prosseguir nos estudos, realizando aprofundamentos de pesquisas. Tais atividades já são consideradas como de ” pós-doc”, ou seja, de pós-doutorado. No Brasil, ainda não existe a modalidade de doutorado profissional.