LUCAS VETTORAZZO RIO DE JANEIRO, RJ – Ainda que a fome tenha recuado no Brasil, conforme mostra pesquisa divulgada nesta quinta (18) pelo IBGE, cresceu o percentual de lares de pessoas que, apesar de não terem comida, têm computador com acesso à internet. Segundo o suplemento sobre segurança alimentar da PNAD (Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios), os domicílios cujas famílias se encontram em situação de fome atingiram 3,2% dos 65,2 milhões de lares pesquisados. Desse total, 10% tinham, em 2013, computadores com acesso à internet. A taxa representa um aumento de 6,7 pontos percentuais em relação ao verificado em 2009, quando apenas 3,3% dos domicílios tinham internet, mas não tinham comida. O aumento da renda observado como um todo no país na última década provocou o aumento no acesso a bens de consumo de forma generalizada em todas classes sociais. O microcomputador –não necessariamente com acesso à internet– estava presente em 6% dos lares com insegurança alimentar grave em 2009 e em 2013 esse percentual saltou para 13,8%, alta de 7,8 ponto percentual. As pessoas que não têm acesso à comida integram a parcela da população na chamada insegurança alimentar grave. Quem se encontra nessa situação sofreu redução, nos últimos três meses, da quantidade de comida que é oferecida às crianças do domicílio ou tem algum integrante na família que tenha passado um dia inteiro sem se alimentar por falta falta de dinheiro. A pesquisa mostrou que houve aumento no percentual de famílias na condição mais extrema de insegurança alimentar com acesso também a televisão, máquina de lavar roupa, geladeira e fogão. A TV é quase universal no país. Nos quatro cenários pesquisados pelo IBGE –segurança alimentar, insegurança leve, moderada e grave–, mais de 80% dos domicílios tinham o bem. Mesmo nas famílias em situação de fome, sua presença aumentou: era de 86% em 2009 e foi para 88,4% em 2013, alta de 2,4 pontos percentuais. A máquina de lavar roupa atingiu 21,8% dos lares em situação extrema de fome em 2013, percentual que registrou alta de 10 pontos percentuais em relação ao observado em 2009, quando era de 11,9%. A geladeira aumentou de 75,5% em 2009 para 85,8%, uma alta de 10,3 pontos percentuais. O fogão foi o único bem que ficou estável no recorte –caiu 0,1 ponto percentual, ficando em 93,5% em 2013 entre pessoas em situação de fome. OUTROS BENS Além dos eletrodomésticos, também aumentou a presença de eletrônicos e automóveis nos lares em situação de segurança alimentar grave. As casas somente com telefone celular representaram 64% do total de domicílios onde há fome em 2013. O percentual representou alta de 16,7 pontos percentuais frente ao observado em 2009 (47,3%). O telefone fixo também subiu –era 61,8% e foi para 75,9% em 2013, alta de 14,1 pontos percentuais. Das famílias que declararam estarem na condição de fome, 12,9% afirmaram ter motocicleta. O percentual aumentou 5,8 pontos em relação ao observado em 2009 (7,1%). Já o carro estava presente em 8,9% dos domicílios com fome no país em 2013 –alta de 3,1 pontos percentuais frente a 2009 (5,8%).