SÃO PAULO, SP – Jornais americanos identificaram nesta quinta (18) Rolando Sarraff Trujillo, 51, como o espião da CIA libertado pelos cubanos na negociação que resultou no reatamento das relações diplomáticas entre EUA e Cuba após 53 anos.
O nome de Sarraff, solto depois de quase 20 anos de prisão, não havia sido revelado no discurso em que o presidente Barack Obama anunciou, na quarta-feira (17), a reaproximação e a troca dele por três espiões cubanos que estavam detidos nos EUA.
Veículos como o “New York Times”, porém, confirmaram tratar-se de Sarraff depois de uma série de conversas com funcionários do governo americano que pediram para não ser identificados -e com um ex-funcionário que falou sobre o tipo de informação que o cubano passava à CIA.
Chris Simmons, chefe de uma unidade de contraespionagem dos EUA entre 1996 e 2004, disse ao “NYT” que Sarraff trabalhava na seção de criptologia da inteligência cubana. Ele era, segundo Simmons, especialista nos códigos usados por espiões cubanos para, de dentro dos EUA, comunicar-se com Havana.
De acordo com sua família, Sarraff formou-se em jornalismo pela Universidade de Havana e detinha a patente de primeiro-tenente na chefia da inteligência cubana.
Não está claro quando ele começou a trabalhar para a CIA -mas Simmons afirmou que suas informações sobre criptografia permitiram a prisão de vários agentes cubanos que operavam nos EUA.
No seu discurso da quarta-feira, Obama referiu-se a Sarraff como “um dos mais importantes agentes de inteligência que os EUA já tiveram em Cuba”. Em nota, o Departamento Nacional de Inteligência também fez elogios aos serviços prestados pelo espião, sem identificá-lo.
O “New York Times” identificou entre os espiões cubanos delatados por Sarraff e condenados nos EUA Ana Belén Montes, uma analista sênior da Agência de Inteligência da Defesa, e Walter Kendall Myers, ex-funcionário do Departamento de Estado.
Preso por Cuba em novembro de 1995, Sarraff foi julgado por espionagem e outros crimes e condenado a 25 anos de prisão. Para Simmons, ele teria sido executado se não tivesse familiares nos altos escalões do governo cubano.