SÃO PAULO, SP – O Comitê Executivo da Fifa anunciou nesta sexta-feira (19) que concordou de forma unânime em divulgar o relatório que analisa os processos de escolhas de Rússia e Qatar como sedes da Copa do Mundo de 2018 e 2022, respectivamente. De acordo com o comitê executivo, o conteúdo será uma “versão apropriada”.
A Fifa tomou a decisão de publicar o relatório após dois dias de encontro em Marrakesh, no Marrocos, onde está sendo realizado o Mundial de Clubes.
A expressão “apropriada” leva a crer que a Fifa não vai divulgar o relatório na íntegra.
“Pedi ao Comitê Executivo da Fifa que votasse em favor da publicação do informe da câmara de investigação. O Comitê Executivo aceitou por unanimidade um pedido à câmara de julgamento do comitê de ética independente para que divulgue o relatório da forma apropriada, depois que os procedimentos em curso sobre várias pessoas sejam concluídos”, disse Blatter, presidente da Fifa, em comunicado. O dirigente, no entanto, assegurou que os Mundiais serão na Rússia e no Qatar.
A decisão da Fifa de abrir uma “versão apropriada” do relatório acontece dois dias após a renúncia de Michael Garcia, que era chefe de investigação do comitê de ética da Fifa. Ele deixou o cargo após o Comitê de Apelação da entidade rejeitar o seu pedido de publicar o relatório completo da investigação que conduziu sobre as escolhas da Rússia e do Qatar como sedes dos Mundiais de 2018 e 2022, respectivamente.
Rússia e Qatar foram escolhidos como sedes dos Mundiais em dezembro de 2010. A suspeita de que principalmente o Qatar comprou votos para ganhar a concorrência contra Austrália, Estados Unidos, Coreia do Sul e Japão foi o tema da investigação de Garcia, que produziu um relatório com mais de 350 páginas.
Ao todo, 75 pessoas foram entrevistadas, rendendo mais de 200 mil páginas de declarações.
No mês passado, a Fifa apresentou uma denúncia à Justiça suíça contra cartolas que podem ter recebido propina no processo de escolha das sedes das Copas de 2018 e 2022.
O presidente do órgão de decisão do comitê de ética da entidade, Hans Joachim Eckert, concluiu que havia indícios de corrupção no processo, mas que as irregularidades apontadas eram “de alcance muito limitado” e estavam “longe de alcançar um nível que implique retornar ao processo da escolha de sedes e muito menos reabri-lo”. O dirigente indicou ainda que não dá para “colocar em dúvida Rússia e Qatar como anfitriões desses torneios”.
As vitórias de Rússia e Qatar para sediar os Mundiais de 2018 e 2022 estão em dúvida desde 2010.
O antigo vice-presidente da Fifa, Mohammad bin Hammam, é acusado de ter distribuído aproximadamente US$ 5 milhões (cerca de R$ 12 milhões) para garantir votos para o Qatar. A entidade máxima do futebol sempre negou as acusações.