CRISTINA CAMARGO
SÃO PAULO, SP – Laudo divulgado neste sábado (20) pelo Ipaam (Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas) mostra que foram identificados três agrotóxicos nos periquitos encontrados mortos em frente a um condomínio de alto padrão em Manaus (AM), em novembro.
Os exames toxicológicos foram realizados pelo Departamento de Clínica e Cirurgia Veterinárias da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).
O laudo descarta a hipótese de envenenamento por “chumbinho” ou “veneno de rato” e informa que a presença dos agrotóxicos pode significar contaminação por alimentos como frutas ou grãos.
Os agrotóxicos encontrados foram aletrina, fenazaquina e ciromazina.
A análise, contudo, não é conclusiva em relação à causa das mortes das aves e um estudo mais aprofundado deverá ser realizado. Não estão descartadas as hipóteses de envenenamento proposital nem de atropelamento.
A parceria entre o Ipaam e a UFMG vai continuar para que a análise dos periquitos mortos continue e seja pesquisada a possibilidade de eles terem sido vítimas de doenças ou contaminados por metais pesados como mercúrio, chumbo, cadmio e arsênio.
“Vamos continuar investigando para chegar ao que de fato aconteceu e atribuir responsabilidades. Estamos adotando medidas de manejo de fauna porque a população de aves vivas é muito maior do que o número das que morreram e precisamos protegê-las”, disse neste sábado (20) Antonio Ademir Stroski, presidente do Ipaam.
CONDOMÍNIO
Mais de 200 periquitos-de-asa branca, típicos da região, foram encontrados mortos no final de novembro na calçada e em uma avenida próximas ao residencial Ephigênio Salles. Em frente ao condomínio, há palmeiras imperiais que estavam cobertas com telas pelos moradores para evitar a presença das aves. Elas costumavam dormir no local.
A morte dos periquitos provocou protestos em frente ao condomínio e mobilização nas redes sociais. Manifestantes pediram a retirada das telas das palmeiras.
No início de dezembro, o residencial foi notificado pelo Ipaam por causa das telas, e a “proteção” foi retirada pelo Corpo de Bombeiros. Elas impediam o acesso das aves às palmeiras e as deixavam mais vulneráveis a possíveis ataques ou acidentes.
Segundo o presidente do Ipaam, uma equipe do órgão visita diariamente o local das mortes para monitorar a situação e analisar o comportamento das aves.