Contratado pela nova diretoria do Coritiba como novo CEO do departamento de futebol do clube, João Paulo Medina é visto no Alto da Glória como um dos pioneiros de algumas inovações administrativas praticadas no futebol brasileiro. Na sua apresentação, na sexta-feira (19), o profissional inclusive falou em fazer algo “novo e transformador” no clube. Em alguns de seus principais trabalhos, porém, Medina fracassou. Foi assim no Internacional, no biênio 2000/2001, quando o clube gaúcho foi presidido por Fernando Miranda, e em 2007, no Paulista de Jundiaí.

Segundo reportagem do jornal Zero Hora, publicada no dia 9 de dezembro de 2001, Medina foi o “todo-poderoso” do futebol no Colorado durante a gestão de Miranda. A reportagem, intitulada “Era João Paulo Medina chega ao fim no Beira-Rio”, afirma que o professor chegou ao clube “com um trabalho baseado em métodos considerados científicos”, mas “padeceu com uma saraivada de críticas”, sendo acusado de centralizar decisões no futebol, o que teria aumentado sua responsabilidade pelos maus resultados em campo.

“As críticas desabaram sobre ele a ponto de a direção decidir preservá-lo. Em meados deste ano, aconselhou-o a evitar as entrevistas e a trabalhar em silêncio. A exposição na mídia acabou tornando-o alvo até dos torcedores, que cantavam sua saída no portão 8 a cada fracasso”, afirma a reportagem.

Apesar das críticas, o presidente do Colorado na época, Fernando Miranda, considera que Medina foi importante para que na gestão de Fernando Carvalho (candidato de oposição que derrotou a chapa apoiada por Miranda em 2001), o Internacional desse a volta por cima, conquistando o título da Libertadores e do Mundial de Clubes no ano de 2005. Em texto publicado no site Caderno de Campo, ligado à Universidade do Futebol, e republicado por Miranda em seu blog, lê-se:

“Há dez anos já se pensava (e se fazia!) um futebol diferente… O conceito de Universidade do Futebol, na figura de seu idealizador o prof. João Paulo S. Medina, foi introduzido em 2000 no S.C. Internacional-RS, através de uma reformulação significativa nos seus departamentos de futebol profissional e de base, inserindo diretrizes técnicas fundamentais para a estruturação de clubes de futebol que pretendem estar sintonizados com toda a evolução científica, tecnológica e cultural que vem ocorrendo no século XXI”. O texto é de 2011.

Contudo, o profissional teve ainda um outro projeto que não deu resultados, segundo aponta a reportagem “Projeto dos sonhos de Pelé fracassa”, publicada em 7 de abril de 2010 pelo Estadão, “Em 2007, Pelé lançou em um hotel de luxo de Genebra uma proposta para investidores de todo o mundo: aplicar recursos em um fundo em um banco registrado no paraíso fiscal de Luxemburgo que se encarregaria de investir em jovens talentos do Brasil. Os jogadores, então, seriam vendidos para a Europa e, na valorização de seus passes, os investidores sairiam lucrando”.

João Paulo Medina era coordenador técnico do projeto, que tinha como meta atingir até 50 milhões em investimentos obtidos. Três anos depois, porém o projeto foi suspenso. E o Paulista de Jundiaí, campeão da Copa do Brasil de 2005 e um dos envolvidos na parceria, afundou. No mesmo ano em que a parceria teve início, o clube paulista foi rebaixado para a Série C do Campeonato Brasileiro. Em 2008, caiu de divisão no Campeonato Paulista e ainda foi rebaixado novamente no campeonato nacional, indo parar na Série D. Hoje, o clube de Jundiaí disputa a Copa Paulista e a Série A-2 do Paulistão.

Acesse o link para as reportagens citadas:

Jornal Zero Hora – http://zh.clicrbs.com.br/rs/esportes/noticia/2001/12/era-joao-paulo-medina-chega-ao-fim-no-beira-rio-89813.html

Estadão – http://esportes.estadao.com.br/noticias/geral,projeto-dos-sonhos-de-pele-fracassa,534736