SÃO PAULO, SP – A infanta Cristina, irmã do rei Felipe VI da Espanha, será julgada por dois delitos fiscais, ao lado do marido Iñaki Urdangarín, em um caso de corrupção que abala a monarquia do país desde 2010.
O juiz José Castro determinou a abertura de julgamento oral contra 17 pessoas, entre elas a infanta Cristina.
A infanta responde como “cooperadora necessária em dois delitos contra a Fazenda Pública” cometidos por seu marido, informou o Tribunal Superior de Justiça de Baleares em um comunicado.
Iñaki Urdangarin, 46, medalhista olímpico como atleta de handebol e que virou empresário, é suspeito de desviar 6,1 milhões de euros de dinheiro público, junto com o ex-sócio Diego Torres.
Ele é acusado de ter realizado o delito por meio do Instituto Noos, uma entidade sem fins lucrativos que o cunhado do rei da Espanha presidiu entre 2003 e 2006, e que recebeu importantes contratos de autoridades regionais.
Será a primeira vez em que um membro da família real espanhola é julgado. Cristina e o marido negam as acusações.
O caso sem precedentes para monarquia espanhola colaborou para derrubar a popularidade do rei Juan Carlos, que abdicou em 18 de junho, abrindo espaço para o filho Felipe, que praticamente desde o início do processo cortou relações com a irmã.
ACUSAÇÕES
Em um primeiro momento, o juiz Castro atribuiu a Cristina, 49, delitos fiscal e de lavagem de capitais porque, em sua opinião, colaborou “ativamente” com o marido ao utilizar com fins pessoais uma parte do dinheiro desviado, por meio de uma “empresa de fachada”, Aizoon, de propriedade dos cônjuges a 50% e terceirizada pela Noos.
Mas a Audiência Provincial de Palma de Mallorca reduziu as acusações aos delitos fiscais pelos quais ela seria julgada.
Iñaki Urdangarin enfrenta um pedido do promotor de 19 anos e meio de prisão pelos crimes de desvio de recursos públicos, fraude, prevaricação, falsidade em documento público, falsidade em documento mercantil, fraude à administração, dois delitos contra a Fazenda Pública e um crime de lavagem de dinheiro.