ITALO NOGUEIRA
RIO DE JANEIRO, RJ – O senador Aécio Neves (PSDB-MG) disse nesta segunda-feira (22) que o porto de Mariel, construído em Cuba com financiamento do BNDES, não trará “qualquer benefício ao Brasil”. A operação se tornou uma bandeira da presidente Dilma Rousseff após o restabelecimento das relações entre Cuba e Estados Unidos.
O tucano disse que o porto só beneficiaria o país se fosse administrado por empresa brasileira. Ele considerou o discurso da presidente sobre o sucesso da operação “uma piada”.
“O porto de Mariel foi construído com recursos financeiros [do Brasil] e será benéfico a Cuba e será administrado por uma empresa de Cingapura sem que traga qualquer benefício ao Brasil. O benefício ao Brasil ocorreria se os portos nos quais os investimentos do BNDES foram feitos fossem portos brasileiros. Não se justifica. Tanto que a presidente fugiu desse debate”, disse ele em visita à Casa das Garças, no Rio.
Em café da manhã nesta segunda, Dilma atacou os críticos dos investimentos brasileiros para a construção do porto na ilha caribenha.
“Agora que o porto é o mais próximo da Florida, é um ‘must’, afirmou Dilma. Ela classificou as críticas como “ridículas” e disse que a melhor forma de negociar com Cuba é através de investimentos. “A questão de Mariel foi tratada no Brasil com preconceito”, completou.
O Brasil apostou na estratégia de entrar em Cuba antes da abertura econômica para garantir presença na ilha. Desde 2009, o BNDES desembolsou US$ 765,058 milhões em financiamentos para a ilha, concedendo crédito para o governo cubano comprar de fornecedores brasileiros de bens e serviços. No ano passado, o país foi o terceiro maior destino de financiamentos do banco.
A Odebrecht, empreiteira que é a principal empresa brasileira em Cuba, acredita que o processo de aproximação com os EUA vá trazer um boom nos negócios brasileiros na ilha.
JUSTIÇA ELEITORAL
Aécio disse também que não defende a cassação do mandato da presidente. Contudo, defendeu a ação de investigação contra a campanha de reeleição de Dilma.
“O primeiro brasileiro ao reconhecer a derrota fui eu. Mas o Estado de Direito permite que você acione a Justiça, não para impedir a posse da presidente da República, mas para apurar eventuais crimes cometidos durante o período eleitoral. Isso se faz na democracia. A presidente ganhou eleições, mas não o salvo-conduto.”
CÂMARA
O tucano declarou apoio à candidatura do deputado Júlio Delgado (PSB-MG) à Presidência da Câmara dos Deputados.
Presidente do PSDB, o senador disse avaliar que o apoio a Delgado “é o caminho que me parece mais adequado”.
“O sentimento que colhi é que a ampla maioria da bancada opta, até por um gesto de reciprocidade, pela candidatura do deputado Julio Delgado (PSB-MG)”, afirmou ele.
O PSB apoiou sua candidatura derrotada no segundo turno este ano.