De janeiro a novembro deste ano, foram realizados 16 mil partos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) de Curitiba e 19 mil no sistema particular, totalizando cerca de 35 mil nascimentos. Se a média se manter em dezembro, o ano vai terminar com um total de mais de 38 mil crianças nascidas em 2014 na Capital.

Já o percentual de partos normais realizados no SUS em Curitiba é seis vezes maior que na rede particular. No SUS, do total de partos realizados até novembro, 65% foram de forma normal. Já no sistema privado, apenas 9% dos cerca de 19 mil partos foram normais. Medidas para humanizar o parto e dar mais segurança às mães têm contribuído para esse índice favorável na rede pública.

Desde o ano passado a Secretaria Municipal da Saúde desenvolve com as seis maternidades da capital que atendem o SUS um trabalho para incentivar o parto normal e garantir a presença do acompanhante desde o pré-parto até o pós-parto, o contato pele a pele e a diminuição da episiotomia (corte na vagina no momento do parto). O procedimento, que acontecia em 90% dos partos, hoje ocorre em apenas 15%.

Em maio deste ano, a portaria 1.153 do Ministério da Saúde redefiniu os critérios de habilitação da Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC). As orientações reforçam a estratégia de promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno e à saúde integral da criança, além de propor medidas que garantam à mãe o protagonismo no momento do parto. Na Maternidade Bairro Novo, estes critérios já são seguidos. Tem sido um processo de mudança gradativo, de transformação na cultura do atendimento, mas já evoluímos bastante, descreve a diretora executiva Tereza Kindra.

Nos últimos dois anos, mais de 4 mil mulheres tiveram seus bebês na Maternidade Bairro Novo, que prioriza o parto normal. Um índice de 75%, acima do recomendado pela Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC), que é de 70%, explicou Tereza.

Nestes quase dois anos tivemos grandes avanços. Conversamos semanalmente com as maternidades e temos tido progressos importantes. Além da redução do número de episiotomias, a lei do acompanhante é respeitada por todas as maternidades e o contato pele a pele também. Mas ainda precisamos diminuir o número de cesarianas, afirma Wagner Dias, coordenador do programa Mãe Curitibana/ Rede Cegonha.

Além de ser o desfecho natural da gravidez – e não aconselhado apenas em caso de perigo para mãe ou para o bebê –, o parto normal apresenta vantagens como a recuperação mais rápida da mãe; o aleitamento precoce, logo após o nascimento; e a passagem do bebê pelo canal do parto, que ajuda a eliminar parte do líquido que traz no pulmão, melhorando a respiração.