O ano de 2015 não deve ser muito fácil para a economia brasileira, em função do mercado externo e também do interno que devem continuar patinando. Analistas apostam no volta de algumas taxas já extintas como uma forma de tentar alavancar o crescimento da economia nacional, que deve fechar 2014 em 0,5% — o pior resultado desde 2009, quando o País avançou 0,33% — e a manutenção da política de juros para controle da inflação.

De cara, estes ajustes econômicos podem representar preços mais caros para o consumidor final. Por isso, a melhor dica de economistas é evitar gastos além dos ganhos e fazer um esforço para formar uma reserva, a fim de enfrentar eventuais surpresas.

A precaução nos gastos é uma medida defendida como necessária para enfrentar a atual situação da economia mundial, que passa por um momento de lenta recuperação após a crise de 2008. Já no mercado interno, os reflexos dos escândalos de corrupção e desvio de dinheiro na Petrobras, apontada como uma âncora da economia nacional, também pedem prudência.

O economista da FAE Bussines School, Gilmar Mendes Lourenço, cita as dificuldades de mercado externo que o Brasil poderá enfrentar em função da alta de juros, a desaceleração da economia da China,  a recessão na Europa, Japão e Argentina, além da queda dos preços das commodities (produtos  negociados nas bolsas internacionais). No plano interno, o ecomista ressalta que as medidas necessárias para o resgate da confiança dos agentes produtivos na política econômica, voltadas à redução dos déficits público e externo e da inflação, serão extremamente amargas.

Lourenço ressalta que as denúncias de corrupção e desvio de dinheiro na Petrobras afetam uma empresa que responde por quase 15% de todo Produto Interno Bruto (PIB). Ele chama a atenção para a rede de negócios que a estatal mobiliza na prestação de serviços.  A queda da renda e a credibilidade pode carregar consigo outras empresas comprometendo o nível de investimentos, emprego e salários e, por extensão, o consumo, fazendo a roda da economia girar mais lentamente, explica.

Com a mudança do governo, que agora terá Joaquim Levy, dirigindo a pasta da Fazenda, o mercado espera medidas não muito populares para colocar a economia nos trilhos. Apontado como um workaholic, Levy já deu sinais de que pretende ressuscitar a Contribuição de Intervenção de Domínio Econômico (Cide) e acabar com a redução do Imposto de Produtos Industrializados (IPI) da linha branca como forma de tentar fazer a economia crescer.  Também fala-se na volta da CPMF.
Para Lourenço, isso é pouco.  Até porque, como uma carga tributária de 36% do PIB não há espaços adicionais para a elevação ou criação de impostos, afirma. O governo terá que cortar na carne se quiser atingir superávit primário de 1,2% do PIB sem artifícios contábeis. Um governo com capital político conseguiria fazer isso com muita dificuldade. Esse eu não sei…