Mesmo em pleno século XXI, é preciso ter coragem de dizer a frase acima, que intitula essa coluna, sem provocar olhares e comentários daqueles, ou daquelas que consideram a maternidade o clímax da mulher. Contudo, pesquisa divulgada dia 16 de dezembro do ano passado do IBGE revelou que 38,4% das mulheres de 15 a 49 anos e as de 25 a 29 anos, no mesmo período, não tinham filhos, o que representa um aumento de 24% na taxa de fecundidade comparado há 10 anos, nesse mesmo grupo. Os números são cruzamento de pesquisas SIS (Síntese de Indicadores Sociais) e Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios (Pnad).

Mas o que leva uma mulher optar por não ter filhos? Eu mesma até meus 30 anos não tinha a maternidade na minha lista de prioridades. Nunca descartei a hipótese, já estava formada e na ativa na profissão escolhida, cogitava a possibilidade de adoção, até que quase sete anos depois, resolvi entrar na jornada mãe. Engravidei sem problemas, tive parto normal aos 38 anos e foi uma das decisões mais acertadas da minha vida. Mesmo assim, lembro-me das inúmeras vezes do julgamento social quando comentava descartar a possibilidade de ser mãe, ou por condições financeiras, idade e pior, por não querer mesmo.

O que te levou a decidir sobre não ter filhos? Para a life coach e terapeuta holística Tatiana Girardi, 37 anos, não ter filhos não foi questão de decisão e sim, de não ter vontade. Ainda que não gestasse, adoro crianças e de estar com crianças e isso me basta. Meu instinto materno acaba sendo ampliado para familiares, amigos, clientes, eu mesma. Além disso gosto muito da minha vida exatamente como ela é.

Quanto às cobranças, como sempre fui clara em minha opção, não sofro cobrança familiar. Quanto a social, num primeiro momento sempre gera questionamentos, respondo a todos e também deixo clara minha opção.

E o medo da solidão? É o que muitos me questionam? Não tenho. Aliás, acho além de fantasioso, um fardo muito pesado para os filhos terem tamanha responsabilidade, ainda que inconscientemente.

Na minha opinião, em nossas vidas, temos a obrigação de fazer os que nos faz sentido, e não o que faz sentido para a sociedade ou coisa que o valha, concluiu Tatiana.

A mesma pergunta foi feita à advogada Andrea Costa, de 58 anos, que é taxativa: A decisão foi, principalmente por não querer ser mãe de final de semana, uma vez que não me interessava parar de trabalhar! E não, nunca me arrependi!, disparou. Considerada moderna para os padrões das mulheres de sua geração, Andrea não via no casamento e tampouco na maternidade, os ideais de realização femininos.

Então, a resolução é mais simples do que imaginamos. O fato de seguir um modelo nos aprisiona e torna nossas escolhas mais complexas, quando na verdade é mais fácil aceitar e respeitar. A maternidade é uma delas! Feliz 2015!