Sol, praia, mar! O verão chegou e com ele uma maior necessidade de cuidar da pele. Cuidado, este, que é discutido e comentado todos os dias do ano, seja em prol de uma saúde melhor, da vaidade ou da estética. O desafio é saber aproveitar a nova estação com responsabilidade, já que o sol em excesso é o grande responsável pelo câncer de pele, considerado o mais frequente no Brasil. 

A doença é o tipo de câncer mais frequente no Brasil e corresponde a 25% de todos os tumores malignos registrados no País, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca).

Os principais fatores para o desenvolvimento da doença são as queimaduras solares adquiridas ao longo da vida. Por isso, para preveni-lo é importante o cuidado com a pele desde a infância, evitando a exposição aos raios ultravioletas do Sol sem proteção. Utilize protetor solar todos os dias. Se for à praia, chegue cedo e evite ficar exposto ao Sol entre os horários das 10 horas e 15 horas. Procure sombra de árvores e prefira ficar sobre uma cobertura vegetal escura (gramado). A areia reflete a luz do Sol, intensificando a exposição à radiação solar, explica Aldo Toschi, coordenador do Departamento de Dermatologia do IBCC.

O melanoma, câncer de pele mais grave, se manifesta como uma pinta escura de bordas irregulares, acompanhada de coceira e descamação, ou pela alteração na coloração e no formato de uma pinta antiga. O tratamento é cirúrgico, quimioterápico e/ou radioterápico, dependendo do estágio da doença. Quando há metástases, as possibilidades de cura diminuem, mas hoje existem novos medicamentos biológicos (imunoterapia) que controlam melhor o crescimento e a evolução da doença. Nesses casos, o tratamento alivia os sintomas e tenta garantir melhor qualidade de vida.

Medidas podem ser tomadas para a prevenção da doença, como a escolha do melhor horário de exposição ao sol e o uso de filtro solar, que não deve ser usado com o objetivo de permitir o aumento do tempo de exposição ao sol, nem para estimular o bronzeamento, lembra a médica oncologista Letícia Carvalho, da Oncomed. Outras formas de proteção devem ser utilizadas, como óculos escuros e chapéus. É importante, também, a constante observação e atenção com o próprio corpo. O aparecimento de manchas e pintas na pele, acompanhadas de coceira e descamação, são os primeiros sintomas do câncer de pele e o diagnóstico precoce aumenta as chances de cura da doença.

Apesar de sua baixa letalidade em relação a outros tipos de tumores malignos, o câncer de pele é o mais dominante na população humana. Além da exposição solar exagerada, a doença também está relacionada às câmaras de bronzeamento artificial, à tonalidade da pele, ao envelhecimento da população, entre outros.

De acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), em 2012 (ano da última pesquisa), o câncer de pele não melanoma atingiu 134.170 pessoas, sendo 62.680 homens e 71.490 mulheres. Mais de 1500 morreram vítimas da doença. Já o câncer de pele melanoma acometeu 6.230 pessoas, sendo 3.170  homens e 3.060 em mulheres.

O câncer de pele é dividido em dois grandes grupos: melanoma e não melanoma. O primeiro é considerado uma entidade à parte, tem uma baixa incidência (cerca de 3 casos por 100.000 pessoas/ano) e história natural bastante diferente, sendo mais agressivo, de crescimento rápido e com maior potencial de disseminação para outros órgãos. Os tumores de pele não melanomas são doenças muito mais comuns (cerca de 70 casos por 100.000 habitantes / ano), possuem um curso clínico mais indolente, lento crescimento e raramente disseminam para órgãos à distância (2 a 5% dos casos). Apesar de muito prevalente, apresenta baixa taxa de mortalidade e menos de 4% dos pacientes vão a óbito devido à doença.


MEDIDAS PREVENTIVAS

– Evitar a exposição solar e permanecer na sombra entre 10 e 16h (horário de verão);
– Utilizar chapéus, camisetas, guarda-sol, óculos escuros e filtros solares com fator de proteção 30 ou superior;
– Na praia ou na piscina, usar barracas feitas de algodão ou lona, que absorvem 50% da radiação ultravioleta. As barracas de nylon formam uma barreira pouco confiável: 95% dos raios UV ultrapassam o material;
– Observar regularmente a própria pele, à procura de pintas ou manchas suspeitas;
– Consultar um dermatologista, uma vez ao ano, no mínimo, para um exame completo;
– Manter bebês e crianças protegidos do sol. Filtros solares podem ser usados a partir dos seis meses;
– Devem evitar a exposição excessiva ao sol pessoas de pele clara, com histórico prévio de câncer de pele, história familiar de melanoma, nevo congênito (pinta escura), maturidade (após 15 anos de idade a propensão para este tipo de câncer aumenta), xeroderma pigmentoso (doença congênita que se caracteriza pela intolerância total da pele ao sol, com queimaduras externas, lesões crônicas e tumores múltiplos) e nevo displásico (lesões escuras da pele com alterações celulares pré-cancerosas).


Rápida

Tratamento
O tratamento principal do câncer de pele se baseia na remoção cirúrgica da lesão. Tratamento tópico ou radioterapia também podem ser realizados. A decisão do procedimento é feita pelo médico e leva em consideração o tamanho, a topografia da lesão e o subtipo de câncer de pele. A melhor estratégia para evitar o câncer de pele continua sendo a prevenção. O importante é usufruir do verão, do calor, do sol e dos prazeres que eles permitem com saúde e segurança, tomando todas as medidas preventivas possíveis, finaliza Dra. Letícia.

Aplicativo
Sociedade Brasileira de Dermatologia oferece gratuitamente, em seu site, uma Calculadora de Riscos para câncer da pele. Com a ferramenta, os usuários, respondendo a um questionário desenvolvido por especialistas da SBD, recebem informações sobre as chances de virem a desenvolver a doença no futuro.