Ao longo da vida, o ser humano passa por diversas e importante fases. Após o nascimento, temos a primeira infância – até mais ou menos os 6 anos, a segunda – até os 10, a adolescência seguida da vida adulta e a velhice, que chega após os 60 anos. As pedras normalmente chegam para acompanhar a fase mais longa, que é a vida adulta – entre os 20 e 60 anos. Trata-se de uma etapa na qual sofremos mudanças mais lentamente se comparadas às dos 0 aos 20 anos e dos 60 aos 80, pois sem muito esforço a vida adulta se resume à três atividades: trabalhar, comer e dormir.
Passamos a vida adulta buscando “ouro” e invariavelmente encontramos pedras. Ouro é felicidade, dinheiro, poder, reconhecimento, sucesso. Porém, nesta busca encontramos também muitas pedras. Em nosso caminho, diariamente pegamos as pedras e pensamos: “puxa, pedra de novo” e as jogamos para trás. Uns poucos e sábios analisam cada pedra que pegam, seu tamanho, cor, formato, e separam-nas por alguma classificação. Outros, mais visionários, observam o ambiente ao seu redor e descobrem que precisam de um muro. O fato é que, ao longo da vida, a maioria das pessoas apenas reclama das pedras que vai encontrando e as joga para trás. Com isso, ao chegar aos 60 anos, elas terão apenas um monte de pedras atrapalhando e formando sua trajetória. Enquanto isso, os sábios têm vários montes organizados por tamanho, cor e formato, que podem ser vendidos de acordo com sua utilidade. Já alguns poucos têm o seu muro construído, pois separaram as pedras no formato necessário e, nos momentos de folga, conseguiram levantá-lo.
O que dá sentido à vida adulta – além de trabalhar, comer e dormir – são os projetos e sonhos – sendo que os dois consistem em coisas diferentes! Fazer um curso superior, por exemplo, é seguir um projeto, já que conseguimos marcar e organizar seu início e fim. Agora, se realizar na profissão escolhida é um sonho, pois precisamos fazer por toda a vida. Vale destacar que nem sempre conseguiremos total realização, pois trata-se de um processo de buscar “ouro” e encontrar pedra. Casar-se também é um projeto. Podemos marcar a data, fazer uma festa e tudo o mais. Porém, ser feliz no casamento é um sonho. O mesmo vale para quem deseja ter um filho: o projeto prevê toda uma programação e organização para a chegada do bebê e sua rotina, mas educar um filho é um sonho, pois passaremos a vida toda fazendo isso e provavelmente nunca estaremos satisfeitos. Trata-se novamente de um processo de procurar “ouro” e encontrar pedras.
Portanto, a vida adulta é uma longa jornada em que passamos dias escavando pedras em busca de ouro. A maioria das pessoas não se dá conta de que o “ouro” não existe ou, se existe, está limitado – até mesmo para manter seu valor elevado, pois se ouro fosse abundante e pedra escassa, os valores simplesmente seriam inversos. Temos então que continuar a busca do “ouro”, mas perceber também que as pedras têm sua utilidade e dar a elas um destino para que nossos sonhos se realizem e as etapas e projetos de vida sejam cumpridos.

 Ademar Batista Pereira é educador, diretor da Escola Atuação e articulista do site esominhaopiniao.com.br