Você sabia que as quedas no ambiente domiciliar são responsáveis por um grave problema de saúde e podem causar muitos danos aos pacientes?

Se você parou para pensar e responder a esta pergunta, deve ter imaginado que estamos falando de algum tipo de fratura. Uma parcela da população está em risco de sofrer quedas que levam a este real problema de Saúde Pública dos dias modernos, que é a fratura do fêmur. Com o envelhecimento, o nosso esqueleto vai perdendo a capacidade de reter cálcio, e fica menos denso, mais poroso, e assim, mais vulnerável a sofrer fraturas. As fraturas do quadril são hoje responsáveis por grande parte dos internamentos e procedimentos cirúrgicos na área da Ortopedia. São milhões de pessoas vítimas destas fraturas, que acarretam um alto índice de mortalidade, e podem causar muitas limitações físicas ao paciente.

Devido à importância deste assunto, programas de prevenção de quedas são hoje estudados no mundo inteiro, com o intuito de se orientar a população sobre como evitá-las. Através destes programas, podemos diminuir em 30% o número de pessoas que sofrem quedas em casa. Inicialmente, devemos avaliar se fazemos parte de um grupo de risco. Alguns exemplos de situações em que as pessoas se encaixam no grupo de risco são: pessoas idosas, portadoras de doenças crônicas, como a osteoporose, com problemas neurológicos (desequilíbrio, tontura), defeitos de visão e sedentárias. É fundamental saber se nos encontramos em uma destas situações, para atuarmos na melhor forma de tratamento, que é a prevenção.

Mas como prevenir as quedas?
Existem maneiras simples e diretas de diminuirmos os riscos de sofrermos uma queda. Mudança nos hábitos de vida como a realização de exercícios periódicos que irão proporcionar melhora no equilíbrio e ganho de força muscular é uma forma de evitarmos acidentes. Realizar caminhadas periódicas é uma forma bastante prática de melhorarmos nossa condição física. Além dos exercícios, os programas de prevenção alertam para a importância do tratamento e acompanhamento médico periódico das doenças crônicas, como as condições oftalmológicas. Outra recomendação é o uso de calçados adequados no dia a dia. Essa é uma questão bastante frequente em consultório médico. O calçado ideal deve ter solado de borracha antideslizante, um salto de no máximo 2 cm, ser confortável, de forma a se adaptar bem ao pé e com base e bicos largos.

Mas se as quedas ocorrem na sua maior parte dentro de casa, há meios de mudar estes dados?
Esta questão é de tamanha importância que levou a Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT) a desenvolver um projeto específico para este assunto, denominado Casa Segura. Através deste programa, ortopedistas de todo país palestram sobre as mudanças que podemos realizar no âmbito domiciliar para evitarmos as quedas. Dentre estas medidas, podemos citar a necessidade de o ambiente estar sempre bem iluminado, evitarmos tapetes e degraus dentro de casa, cuidar para que o chão esteja sempre seco e de preferência que possua fitas antideslizantes. Os banheiros devem possuir barras de apoio e a altura do vaso sanitário deve ser elevada. À noite, usar roupas confortáveis e manter as luzes acesas. Os objetos da cozinha devem estar ao alcance das pessoas sem que precisemos subir em escadas para os apanhá-los.

Assim, podemos concluir que quando o assunto é queda e fratura do fêmur, o mais importante é avaliarmos se pertencemos a algum fator de risco e atuarmos diretamente nas formas de prevenção. A melhor forma de tratar uma fratura é evitá-la.

Dr. Christiano Saliba Uliana, ortopedista do Hospital VITA Batel, especialista em cirurgia do quadril e joelho.