Quando nossos olhos ficam vidrados em um grande espetáculo, seja um show de música, circo ou teatro, é mais fácil imaginar, e até visualizar, que existem equipe e infraestrutura que se estendem para fora do palco. Para que toda a magia daquele momento aconteça é imprescindível bastidores de confiança (tanto aqueles que ficam nas coxias quanto os que ficam nos escritórios, administrando e fazendo gestão de contratos, divulgação, parte financeira etc.). No entanto, essa realidade organizacional não é restrita aos gigantes da arte. Ela também é intrínseca às apresentações culturais de menor porte, ainda que estas pareçam ser apenas geridas pelo grupo de artistas que no palco se apresenta.
Em geral, exceto no que se refere aos grandes players que estão na mídia, o público tende a visualizar a atividade artística como algo de caráter filantrópico, ou como se o custo e investimento da atividade se restringissem apenas à hora-apresentação, desconsiderando toda cadeia de criação, produção e distribuição envolvida na realização artística. O cenário de produção cultural, mesmo para produtoras de menor porte, vai além disso. Por isso, quero contribuir na desmitificação de alguns pontos que circundam este segmento, de modo especial no que diz respeito à importância da profissionalização da área e o que está nos bastidores.
Não sou artista, no máximo toco violão em roda de amigos. Mas trabalho com arte, gerindo e administrando diversos projetos culturais e de arte-educação. Acredito muito na potência deste mercado em todo o Brasil, especialmente em Curitiba, que é um polo riquíssimo para esta demanda.
Para que uma empresa de produção artística promova arte – seja via espetáculo, oficina, palestras, CDs, DVDs ou pelos livros – não basta reunir os artistas. É preciso cumprir metas, investir em comunicação, pagar impostos, implantar método de vendas, contratar funcionários para as áreas administrativa, comercial, produção e gestão de projetos, além dos diversos atores, músicos e educadores. Uma empresa, independentemente do nicho de atuação, precisa sempre buscar melhorias, profissionalização, crescimento e qualidade. É fundamental é ter uma rede de colaboradores, os quais tenham incorporado a filosofia de trabalho, que sejam multiplicadores e comprometidos.
Com quantos grupos, então, se faz um espetáculo? Para além do grupo de artistas em cena, uma empresa de produção artística mantém outros grupos de profissionais atuantes, tão importantes quanto os primeiros. Para que o espetáculo esteja em cena, vários grupos interagem de modo multidisciplinar, coexistindo muito além do que está ao alcance dos olhos do público.
Para um trabalho de sucesso, tanto artístico quanto comercial, esses grupos precisam estar afinados, trabalhar em consonância e focar metas que sejam benéficas a todos: ao artista, ao produtor, ao administrador e ao público.

 

Rafael Galvão é publicitário, especialista em Gestão de Negócios e sócio-diretor da Parabolé Educação e Cultura