DIANA BRITO RIO DE JANEIRO, RJ – Uma jovem de 21 anos morreu, na noite deste domingo (25), vítima de bala perdida, durante confronto entre criminosos e policiais militares da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) da Rocinha, em São Conrado, zona sul do Rio. Com o crime, sobe para 13 o número de vítimas baleadas, sendo quatro delas mortas, na cidade em menos de dez dias. Segundo a coordenadoria das UPPs, Adriene Solan do Nascimento chegou a ser socorrida no Hospital Municipal Miguel Couto, mas não resistiu ao ferimento.

Em nota, a PM informou que policiais faziam ronda de rotina quando foram surpreendidos a tiros por criminosos na rua 1. Os policiais revidaram e os suspeitos fugiram. Após o episódio, que resultou na morte de Adriene Nascimento, o policiamento foi reforçado na região. Os autores dos disparos ainda não foram identificados. “As armas dos policiais foram apreendidas para confronto balístico e o caso está sendo investigado pela Divisão de Homicídios da capital”, afirmou a coordenadoria, em nota. Horas depois, na madrugada desta segunda-feira (26), Sandra Costa dos Santos, 58, também foi vítima de bala perdida enquanto dormia em casa, na rua Amanajó, no bairro de Bangu, zona oeste do Rio.

De acordo com a PM, o tiro atingiu a cabeça da moradora, que foi levada para o hospital estadual Albert Schweitzer, em Realengo, bairro vizinho. Até o meio-dia, médicos disseram que o estado de saúde dela era estável. Ainda na madrugada desta segunda, uma menina de 12 anos foi atingida por uma bala perdida na porta de casa, por volta da meia-noite, no morro do Chapadão, em Costa Barros, também na zona norte. Em seguida, ela foi levada para o Hospital Estadual Albert Schweitzer.

A Folha entrou em contato com a Secretaria de Saúde, mas até o final da manhã desta segunda não havia informações sobre o estado de saúde dela. Testemunhas disseram à polícia que criminosos de quadrilhas rivais trocavam tiros na região no momento que a adolescente foi atingida. O caso deve ser investigado pela 39ª DP (Pavuna).

PROTESTO A ONG

Rio de Paz, vinculada ao Departamento de Informação Pública da ONU (Organização das Nações Unidas), promoveu neste domingo (25) ato na praia de Copacabana, zona sul da cidade, para alertar autoridades e sociedade sobre a violência que está gerando a morte, por balas perdidas, de crianças no Rio de Janeiro. Com cartazes e um faixa com a frase “A violência está matando as nossas crianças”, pais e parentes de crianças mortas pediram justiça, ao lado de uma cruz de três metros de altura fixada na areia.

MORTE POR BALA PERDIDA

No sábado (24), um adolescente de 14 anos foi baleado quando brincava em um condomínio no bairro do Fonseca, em Niterói (RJ). Ele foi levado para o hospital de Icaraí, onde permanece internado em observação. O garoto é de Minas Gerais e passava as férias na cidade. No mesmo dia, outras duas pessoas foram atingidas por balas perdidas. Uma mulher de 46 anos e um adolescente foram baleados durante um confronto no morro do Juramento, em Vicente de Carvalho, na zona norte do Rio. Os dois foram atendidos na Unidade de Pronto Atendimento local. Em São Gonçalo, Diogo da Silva Santos, 23, morreu durante um tiroteio no centro da cidade.

No dia 23 de janeiro, um homem também foi ferido por um tiro no parque Madureira, zona norte. Edson Jesus dos Santos, 20, foi atingido enquanto assistia ao Mundial de Skate. Ele foi baleado de raspão no braço e na perna e levado para o Hospital Estadual Carlos Chagas, em Marechal Hermes, bairro vizinho. No mesmo dia, foi enterrado o menino Asafe William Ibrahim, 9, que morreu após ter sido baleado na cabeça no dia 18 de janeiro, quando aproveitava o dia com a família num clube, em Honório Gurgel, também na zona norte.

No dia 17 de janeiro, Larissa de Carvalho, de apenas 4 anos, morreu após ser atingida por um tiro quando saía com a mãe e o padrasto de um restaurante em Bangu, zona oeste. No bairro, foram feridos ainda Carlos Eduardo Rodrigues, 33, e Márcia Costa, 44, na terça-feira (20). William Robaiana, 35, foi baleado em Santa Cruz, zona oeste, na quinta-feira (22), quando saía de casa.